Os efeitos do Batismo





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MÓDULO 2: O Batismo
Tema  4: Os efeitos do Batismo (ver o vídeo)

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Os efeitos do batismo são muito significativos e a mesma celebração indica muitos deles. O mergulho na água, ou no seu defeito a infusão de água, faz apelo ao simbolismo da morte e da purificação, e também da regeneração e renovação. Esses efeitos são a purificação dos pecados e a o nascimento no Espírito Santo.
São Cirilo de Jerusalém chama o batismo “tumba e seio maternal”. São imagens que iluminam muito o que este sacramento significa na vida do cristão.
Com o batismo todos os pecados são perdoados. O pecado original e os pecados pessoais cometidos até o momento se a pessoa já tem uso de razão. Porém, permanecem certas consequências temporais do pecado como os sofrimentos, a doença, a morte ou as fragilidades como as paixões, a concupiscência, etc. Santo Tomás de Aquino explicando a permanência destas consequências diz que Deus permite que seja assim para significar que o sacramento concede a entrada na vida eterna, não o viver uma vida fácil e sem defeitos na terra. Também sinala que assim, o cristão tem que lutar na sua vida para ganhar a vida eterna.
O batismo além de perdoar-nos os pecados nos faz uma “criatura nova”, um filho adotivo de Deus que tornou “participante da vida divina”, membro de Cristo e coerdeiro com ele, templo do Espírito Santo. A partir do batismo Deus vem abitar realmente na alma do cristão e a sua presença no nosso mais íntimo nos deifica, nos faz agir como Deus porque no fundo Ele está dando todas as ajudas para isto.
Este sacramento nos incorpora à Igreja, nos faz seus membros. Somos um só corpo porque todos somos filhos de Deus. Por este dom, todos nós somos congregados por um vínculo muito grande que une a todos.
Na alma do cristão batizado é impressa de forma permanente um sinal indelével da presença de Cristo. Nada pode borrar esta marca. Por isso o batismo jamais pode ser desfeito, é uma realidade que fica para sempre.

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A celebração do Batismo




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MÓDULO 2: O Batismo
Tema  3: A celebração do Batismo (ver o vídeo)

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A celebração do Batismo tem uma riqueza enorme de significado. Vamos ir explicando cada um destes elementos que nos ajudará a aprofundar no nosso conhecimento e valorizar mais este grande sacramento.
Começa-se com o sinal da cruz no limiar da porta. Este sinal tem um duplo significado: quer assinalar a marca de Cristo a quem a nova criatura vai pertencer e quer significar a redenção que receberá, que veio por meio da cruz de Jesus.
A seguir vem o anúncio da Palavra de Deus, umas leituras apropriadas da Sagrada Bíblia. Esta ilumina com a verdade revelada, o que Deus nos anunciou e como quer que vivamos, e suscita uma resposta na fé.
Dado que o batismo é libertação do pecado e do seu instigador, o Diabo, pronuncia-se o exorcismo sobre o batizando. Segue a unção com o óleo dos catecúmenos que também tem esse significado de curar as feridas. Faz-se a renúncia à Satanás e assim preparados, pode-se fazer a confissão de fé da Igreja, por meio do Creio ou das fórmulas de profissão de fé.
Então a água batismal é consagrada com uma oração de invocação ao Espírito Santo. Nesta oração o ministro pede que o fiel que será batizado nasça da água e do Espírito.
Vem então o rito essencial do batismo que é pela triple imersão ou pela triple infusão de água acompanhada da fórmula trinitária: “eu te batizo, NN., em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. De este forma, se realiza a morte ao pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade por meio da configuração ao mistério pascal de Cristo: paixão, morte e ressurreição.
A continuação é feita a unção com o óleo do crisma, um óleo consagrada e perfumado que significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. Esta unção significa uma consagração, o ungido é sacerdote, profeta e rei, incorporado à Cristo.
A veste branca simboliza que o batizado “vestiu-se de Cristo”, ressuscitou com Ele à uma vida nova, com um corpo glorioso. Mostra também o efeito do batismo na sua alma, a pureza total e imaculada.
Acende-se uma vela no círio pascal, que quer dizer que o neófito é iluminado por Cristo e que se torna agora “luz do mundo”.
Tendo sido incorporado à vida de Deus, feito seu filho, pode então dizer o Pai-Nosso. No caso dos que são batizados com mais idade, recebe-se juntamente o sacramento da crisma e a comunhão eucarística, na qual o neófito é recebido no “banquete das bodas do Cordeiro”.
Conclui-se com a bênção solene para que Deus acompanhe sempre a nova criatura nascida da água e do Espírito e abençoe todas as suas ações.

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O que significa "uma igreja para os pobres" como diz o Papa Francisco

por Anderson A. Pitz, LC



O Papa Francisco durante todo o seu primeiro ano de pontificado mais de uma vez tem chamado a atenção dizendo que quer “uma igreja pobre para os pobres”. O que significa uma Igreja pobre? O que ele quer dizer com “ir às periferias existenciais”? Como um católico entende a chamada de Cristo que diz que todos nós devemos ser pobres?
Em primeiro lugar temos que dizer que a mensagem cristã da pobreza é uma característica essencial da Igreja. Todo o evangelho chama o homem à este desprendimento dos bens deste mundo como condição para seguir Cristo: “qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33), e: “Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus!” (Lc 6,20). 
Pobreza como desprendimento interno
O sentido da pobreza que ressalta o evangelista Lucas não é uma pobreza “efetiva”, ou seja,  uma condição de privar-se de possuir qualquer bem material. A opção da pobreza efetiva é um convite, um apelo e não um preceito: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt 19,21).
Ainda mais, quer deseja ser discípulo de Jesus deve, obrigatoriamente, renunciar a todos os bens deste mundo vivendo em condição de pobreza “afetiva”, que quer dizer, de desprendimento interior de tudo riqueza mundana, seja material que imaterial como a fama, o poder, etc.
Como toda virtude, também a pobreza consiste numa atitude interior. Pode se ter optado pela pobreza ou ser pobre de fato, mas, não exercitar a virtude da pobreza. É o que acontece quando, ainda que se vive na indigência e alimentar um coração cheio de invejas pelos bens alheios, ou, pelo contrário, pode se ter renunciado à todas riquezas nutrindo sentimentos de orgulho e desprezo pelos que não são capazes de semelhante ação sublime e heroica.
Antes de tudo a vida eterna
A pobreza de espírito é uma orientação que a alma deve dar em meio à vivência do seu atuar no dia-a-dia. Consiste em direcionar o coração aos bens eternos, redimensionando a atração dos bens visíveis e transformando o desprendimento afetivo em renúncia efetiva, praticada com harmonia conforme a própria condição de vida.
Inclusive a nossa razão, iluminada pela fé, pode ajudar-nos a liberar o coração das seduções das riquezas deste mundo: a razão nos mostra como os bens maiores como o amor, a alegria e a paz não podem ser adquiridos com o dinheiro, e que, quando se morre, não é possível levar nada consigo de quanto se possui.
A legítima aspiração natural ao bem-estar material não deve nunca levar-nos a trocar os meios com os fins: se o homem vive para acumular riquezas ou para obter fama e poder, coloca como fim da sua vida aquilo que é um simples meio, caindo assim na idolatria.
O Papa Francisco diz na encíclica Lumen Fidei que a idolatria é colocar a si mesmos no centro da realidade, substituindo Deus pela multiplicidade dos próprios desejos. “A fé, enquanto ligada à conversão, é o contrário da idolatria: é separação dos ídolos para voltar ao Deus vivo, através de um encontro pessoal” (n.13).
A Igreja dos pobres
Neste sentido é que dizemos que a Igreja de Jesus é a Igreja dos pobres, daqueles que tem a Deus no centro das suas vidas, renunciando a si mesmos.
Mas a Igreja é Igreja dos pobres também no sentido que o anúncio do Evangelho é destinado primeiramente aos pobres, aos que carecem do necessário para conduzir uma vida digna. A eles é anunciada em primeiro lugar a mensagem que Deus lhes ama com predileção e vem lhes visitar a traves das obras de caridade que os discípulos de Cristo realizam no seu nome.
A periferia existencial
Além da pobreza econômica e social, o Papa Francisco lembra a indigência das assim chamadas, “periferias espirituais”, habitada por pessoas que “que vivem sem esperança e estão imersas numa profunda tristeza da qual procuram sair pensando que encontram a felicidade no álcool, na droga, no jogo de azar, no poder do dinheiro, na sexualidade sem regras... Mas acabam por se sentir ainda mais desiludidos e por vezes desencadeiam a sua raiva contra a vida com comportamentos violentos e indignos do homem” (Discurso do Papa Francisco aos participantes no Congresso Eclesial da diocese de Roma, 17 de junho de 2013).
A indigência da desesperação está unida a outra, e diferente, “existe uma pobreza espiritual que angustia o homem contemporâneo. Somos pobres de amor, sedentos de verdade e justiça, mendigos de Deus, como sempre frisou sabiamente o servo de Deus padre Luigi Giussani. Com efeito, a maior pobreza é a falta de Cristo” (Mensagem ao Meeting de Rimini, 18-24 de agosto de 2013).
Não se trata de pauperismo
O Papa Francisco chama todos os cristãos à pobreza ensinada por Cristo e dizendo que os pobres serão os primeiros destinatários do anúncio do Evangelho, e assim traça a rota da Igreja de hoje.
Esta rota que deve ser seguida sem mal entendidos: “Este ir ao encontro dos pobres não significa que devemos tornar-nos pauperistas, ou uma espécie de «mendigos espirituais»! Não, não, não significa isto! Significa que devemos caminhar em direção à carne de Jesus que sofre, mas também sofre a carne de Jesus naqueles que não o conhecem com os seus estudos, com a sua inteligência, com a sua cultura. É lá que devemos ir! Por isso, gosto de usar a expressão «ir às periferias», às periferias existenciais. Todas, da pobreza física e real à pobreza intelectual, que é também real. Todas as periferias, todas as encruzilhadas dos caminhos: ir lá. E ali lançar a semente do Evangelho, com a palavra e com o testemunho” (Discurso do Papa Francisco aos participantes no Congresso Eclesial da diocese de Roma, 17 de junho de 2013).
A distância da teologia da libertação
Com a expressão “Igreja dos pobres” não devemos entender a identificação da Igreja com uma classe social ou com um instrumento de luta de classes sociais. Não devemos confundir “Igreja dos pobres” com “Igreja de classe”.
A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé na Instrução sobre alguns aspectos da “Teologia da Libertação” (06 de agosto de 1984) diz: “Perverte-se deste modo o sentido cristão do pobre e o combate pelos direitos dos pobres transforma-se em combate de classes na perspectiva ideológica da luta de classes. A Igreja dos pobres significa então Igreja classista, que tomou consciência das necessidades da luta revolucionária como etapa para a libertação e que celebra esta libertação na sua liturgia” (n.10).
A pobreza ensinada por Cristo é aquela das bem-aventuranças, a que solicita a compartilhar os bens espirituais e materiais, não por constrição, mas por amor, para que a abundância de uns complete a indigência de outros.

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Os tipos de Batismo




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Tema  2: Os tipos de Batismo (ver o vídeo)


A igreja desde sempre reconheceu três tipos de batismo: de água, de desejo e de sangue. Vamos explicar o que significam estes três tipos de batismo.


O batismo de água é o comum batismo que conhecemos, que a sua vez pode ser feito por imersão ou por infusão. A imersão é a forma mais antiga e conservada ainda em muitas igrejas orientais, pela qual o catecúmeno é mergulhado da água três vezes, símbolo da Santíssima Trindade, e para significar mais visivelmente essa morte e vida, onde se “desce” ao túmulo e se ressurge à vida nova. A infusão é derramar a água na cabeça do batizando três vezes acompanhado das palavras: “Eu te batizo, NN., em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.



O batismo assim chamado de sangue. A Igreja mantém a firme convicção de que as pessoas que morrem em razão da fé, os mártires, sem terem recebido o batismo porque ainda estavam em caminho de preparação, são batizadas por sua morte por e com Cristo.



O batismo de desejo é parecido ao anterior. Significa a intenção de batizar que tinha, mas foi impedido por qualquer razão e perdeu a vida. É o caso, por exemplo, dos fetos que morrem prematuramente. O desejo dos pais de batizarem se tivesse nascido é válido e a criatura é considerada batizada.

Sobre os ministros do sacramento do batismo temos que dizer quem pode batizar. Os ministros ordinários são os bispos, os sacerdotes e os diáconos. Em caso de necessidade, porém, a Igreja diz que qualquer pessoa pode batizar até mesmo um não católico. As únicas condições é que tenha a intenção de fazer o que a Igreja faz quando batiza e use a forma da Igreja, ou seja, a água e a fórmula trinitária (“eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”).

É importante manter sempre a matéria do sacramento que é a água e a fórmula. Sem tais elementos o sacramento não é válido, é como se não fosse realizado. Não valem nem mesmo sinónimos como, por exemplo, “eu te batizo em nome do Criador, do Redentor e do Santificador”. Isto não é válido porque não são as palavras do batismo como Cristo instituiu.


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Origens do Batismo



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MÓDULO 2: O Batismo
- Tema  1: Origens do Batismo (ver o vídeo)
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O Batismo é o sacramento pelo qual começamos a fazer parte da vida de Deus e entramos na Igreja. É chamado o sacramento da geração porque é por meio do batismo que nascemos à vida do espírito, como o nosso nascimento natural.

O batismo tem uma grande tradição desde tempos muito antigos. Sendo um sacramento que no dá vida tem um forte simbolismo de purificação, de morte à uma vida prévia para renascer a uma vida nova, superior.

Nas tradições bíblicas existem muitas abluções rituais para as mãos, os pés, os vestidos. Tudo isto com a finalidade de reencontrar a pureza perdida pelo contato com realidades impuras. Os livros proféticos reagirão a ritos que são só externos exortando a uma purificação sobre tudo do coração.



A água tem um grandíssimo significado em toda a Sagrada Bíblia. Mencionemos alguns deles:

· O dilúvio universal (Gên. 6): todos os males da terra foram exterminados e com Noé, depois do dilúvio, iniciou-se uma nova geração.

· O Mar Vermelho (Êx. 15): o povo de Israel foi liberado da escravidão do Egito e o passo do Mar Vermelho significou a passagem da escravidão à liberdade, da morte à vida.

· Jordão (Josué 3): o povo que peregrinava pelo deserto atravessou o rio Jordão para entrar na terra prometida. É o cumprimento da promessa de Yavhé.

· Costado de Cristo na cruz (Jo 19,34): “Um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água”. O sangue é sinal da Eucaristia e a água do batismo, os sacramentos pelos quais Deus nos deu a nova vida pelos méritos da sua paixão, morte e ressurreição.

Estes são apenas alguns dos mais emblemáticos momentos da Bíblia onde podemos compreender um pouco mais a importância da água com um efeito mais além do material.



Um evento que marcou a instituição do sacramento do batismo foi o mesmo batismo de Jesus (cf. Mat. 3). Podemos tirar muitos ensinamentos deste momento importante na vida de Jesus.

· Cristo se submeteu ao batismo de João que era um batismo de penitência, sendo que ele não necessitava absolutamente. Cristo não tinha nenhum pecado e mesmo assim quis ser batizado. O motivo é mostrar a sua missão, o seu descer entre os pecadores para elevar-nos à natureza espiritual e divina.

· Jesus atravessou à outra margem para ser batizado. Este ato relembra as passagens do mar Vermelho, do rio Jordão onde o povo atravessou e foi salvado.

· Diz o texto que os céus se abriram. É o efeito contrário após o pecado original onde os céus se fecharam. Isto é o que o batismo vem fazer, abrir os céus nas nossas vidas.

· Vem uma voz do céu que diz: “Este é o meu Filho muito amado”. Trata-se de uma manifestação de Deus, a voz de Deus que consagra Jesus para a sua missão. Observe-se que não é um mandato como no Antigo Testamento: faça, seja, etc. mas um reconhecimento: é o meu Filho.

· Filho que quer dizer comprimento das antigas profecias onde se prometia a vinda do Messias.

· A unção do Espírito Santo que desce em forma de pomba e que permanecerá sempre com Cristo. Como depois do dilúvio a pomba desce paira na terra dando sinal da vida nova.

· O batismo de João era um batismo de penitência, não de perdão porque Cristo ainda não tinha morto na cruz para dar-nos a remissão. É um batismo que prepara o verdadeiro batismo, aquele instituído por Cristo, o batismo no Espírito.

· Jesus foi batizado uma só vez. No era uma ablução como qualquer outra onde se purificava, tornava-se a manchar e se purificava outra vez. O batismo concede uma purificação eterna, o perdão do pecado original. Os pecados pessoais cometidos após o batismo se perdoam com a confissão.

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O rosto da Igreja è o serviço e a humildade

por Celso Julio da Silva, LC


È maravilhoso reconhecer o fato de que Deus tenha escolhido o papa Francisco neste momento atual do peregrinar da barca de Pedro pelos mares deste mundo. Como se Deus quisesse mostrar a sua face ao homem de hoje, o seu rosto humano e divino, presenteou-nos o papa Francisco, um instrumento que com a sua presença e sua palavra está nos convidando constantemente a descobrir qual è o verdadeiro rosto de Deus feito carne, qual è o verdadeiro rosto da Igreja, o rosto de cada cristão, e, resumindo em duas palavras, esse è o nosso rosto: serviço e humildade.

Na recente carta publicada e dirigida aos futuros cardeais, uma carta simples, porém carregada de compromisso e confiança, percebemos a insistência do Espírito Santo para que todos os graus da jerarquia do corpo místico de Cristo vivam o seu estado de vida como um dom humilde e prestativo a obra de Cristo e a salvação das almas.

Cristão que não serve não è cristão, è um pagão. São palavras do pontífice que nos propõem um profundo exame de consciência continuo. Nós não somos mais do que ninguém, somos todos filhos do mesmo Deus, a nossa Fe è uma só, por isso, ninguém dentro da Igreja, seja laico, seja sacerdote, religioso, bispo, cardeal, ninguém deve se sentir superior, embora ocupe altos cargos na jerarquia eclesiástica.

Cristo, Cabeça da Igreja, humilhou-se, viveu com um coração de homem, com mãos, com pés de homem, Deus quis abraçar com um amor eterno as nossas limitações, quantas vezes abaixou a cabeça e guardou silêncio diante das injurias e dos maus tratos por parte dos homens. Se Deus se abaixa, por que tu, cristão, te levantas no teu próprio orgulho e no teu próprio egoísmo? Quando seremos autênticos cristãos? Quando fizermos um encontro pessoal com o Senhor manso e humilde de coração.

Por exemplo, a coisa mais linda da cura da sogra de Pedro, para ilustrar, não è o fato da cura, nem mesmo o fato de que fosse curada justamente a sogra de Pedro, não; lendo atentamente notamos que o trecho termina afirmando: “e ela se levantou (a sogra) e imediatamente começou a servi-los” (Lc 4, 39). A presença de um católico dentro da comunidade e da sociedade somente irradia força e dinamismo quando está imbuída dessa característica fundamental do rosto da Igreja, do rosto de Jesus Cristo: o serviço.

A segunda faceta do rosto da Igreja è a humildade. Ai que rosa difícil de achar no vasto jardim da humanidade! Cristão que não è humilde não è cristão. Se o serviço a Deus a aos homens nasce desta virtude exótica, então já podemos imaginar a grande necessidade de ser sempre humildes.

Quantas vezes por falta de humildade atualizamos na própria vida a construção da torre de Babel. Queremos saber mais do que os outros, queremos chegar a Deus com as nossas próprias forças e então vamos pondo pedra sobre pedra, orgulho sobre orgulho, vaidade sobre vaidade, pecado sobre pecado, vamos construindo a arquitetura da nossa própria miséria; como em Babel, nos distanciamos uns dos outros até o ponto de não conhecer mais a linguagem do próximo, as suas necessidades e as suas alegrias. Cristão que não vive a humildade está erguendo a torre de Babel e isso não è construir a Igreja de Jesus Cristo. Deus permitiu que Babel resultasse em sinônimo de confusão, divisão e dispersão (Gen 11, 9).

Jesus escutou da boca de um pagão romano: “Senhor, não sou digno de que entres na minha casa, dize uma só palavra e o meu servo ficará curado” (Mt 8, 8). E Jesus se maravilhou: “nunca vi tanta Fe em Israel” (Mt 8, 10). Fe que brota da humildade, de um coração que permite que o Senhor reúna os seus filhos no mesmo amor que sustenta essa bela virtude. Assim podemos estar certos de que a Igreja tem um rosto novo, um rosto ressuscitado, uma Igreja mais humilde.

Que o esforço do Santo Padre por construir cada vez mais uma Igreja humilde e no serviço desinteressado ao próximo seja um estímulo eficaz para todos os cristãos e homens de boa vontade.

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Ame apenas...

por Wenderson Machado Pinto, LC


Hoje me perguntava quais são as duas explicações que mais se usam quando falamos de amor, e essas duas são: o amor que se explica pela beleza de uma pessoa ou pela admiração que eu possa ter por ela.

É muito interessante quando paramos para ver essas nossas duas possibilidades. Não podemos descartar que o amor possa nascer da beleza ou da admiração, mas vejo que quando o amor está fundado somente nisso rapidamente pode chegar ao fim.

O amor real e não fundado em coisas supérfluas se trata de uma decisão séria, tomada com o coração, a cabeça e unido em oração com Deus. É uma decisão que custa e pode levar algo de tempo, mas uma vez tomada durará e o tempo poderá passar, as dificuldades virem, as decepções aparecerem e a beleza acabar, mas o amor continuará.

Madre Teresa de Calcutá dizia: “Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona. Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicações”.

Quantas vezes posso ver que realmente as pessoas que eu considerava mais belas, já não são mais; quantas decepções recebi de pessoas que admirava e quantas pessoas que tinham alguma admiração por mim, eu decepcionei. Agora quando tenho amado sem pedir nada em troca, quando compreendi as pessoas, quando perdoei e fui perdoado, quando realmente amei com um coração livre, que busca o interior e não o exterior, quando não pedi nenhuma dessas explicações e disso fala madre Teresa, aí foi quando realmente amei e amo, porque o verdadeiro amor não tem fim.

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