História do Corpus Christi

Para conhecer um pouco mais a história do Corpus Christi viajamos até a cidade de Bolsena e Orvieta, lugares onde ocorreu um milagre eucarístico bem especial e onde o Papa Urbano fez a festa do Corpus.


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Pentecostes

Por Ricardo Pioner, LC


A palavra Pentecostes (πεντε + ημερα) é de origem grega e significa “dia qüinquagésimo”. Cinquenta dias depois da Páscoa os judeus celebravam a festa das cinco semanas (Cf. Ex 34,22), no inicio era uma festa agrícola, mas depois passou a ser um memorial da Aliança no Sinai.

Os cinquenta dias de páscoa e as festas da Ascensão e de Pentecostes não são festas separadas. Elas formam uma unidade e são partes de um único mistério. Pentecostes é uma festa pascoal, é a festa do Espírito Santo. A Igreja nasce na Ressurreição de Cristo, mas é confirmada com a vinda do Espírito Santo (Cf. At 2). É neste dia que os apóstolos compreendem de modo mais preciso porque foram chamados por Cristo e qual a missão que devem cumprir de agora em diante.

Pentecostes é como um aniversário da Igreja. Neste dia o Espírito Santo desce sobre a comunidade nascente e temerosa infundindo sobre ela os seus sete dons e dando-lhe forças para poder anunciar a Boa Nova do Evangelho.


No Evangelho vemos como o Espírito Santo preparou, ungiu e enviou a Cristo. No dia de Pentecostes fez o mesmo com os apóstolos e a primeira comunidade reunida no cenáculo ao redor de Maria. Não esqueçamos que nós somos uma continuação daquela primeira comunidade. Neste domingo 08 de junho, festa de Pentecostes, o Espírito Santo também quer descer sobre cada um de nós. Ele quer preparar-nos, ungir-nos e enviar-nos.  Mas para que isso aconteça temos que desejar a sua vinda: “Vem, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”. 

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Papa Francisco na Terra Santa: encontro, paz e diálogo

Por Celso Júlio da Silva LC


O papa Francisco surpreendeu o mundo com a sua maravilhosa peregrinação à Terra Santa. O momento forte da visita foi, sem dúvida, aquele abraço fraterno entre Francisco e Bartolomeu I depois de cinqüenta anos do ultimo abraço fraterno entre Paulo VI e Atenágoras em 1964.
Porém, a peregrinação do papa Francisco foi além do que estava previsto. Com gestos impregnados de sentido, com palavras claras, simples e diretas, com o sorriso natural que o caracteriza, Francisco soube se encontrar e dialogar com o mundo da política e das religiões, respeitando e pedindo respeito. Assim, ele, em primeira pessoa, impulsionou as exigências da Nova Evangelização na dimensão social contidas na sua Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”.
Os passos firmes do papa Francisco na Terra onde Jesus Cristo caminhou demonstram três características importantes do Santo Padre: è o Papa do encontro, o Papa da paz e o Papa do diálogo.

1. O Papa do encontro:

Francisco foi à Terra Santa como peregrino para se encontrar com a realidade daquela terra na que três religiões monoteístas procuram uma convivência harmônica e pacífica. Saindo ao encontro de cada homem, apertando a mão tanto dos ricos como dos mais pobres e sofridos, lembrou-nos de que somos peregrinos nesta terra e que- isso è importante- peregrinamos juntos. Desde antes não quis um papa móvel blindado e fechado, mas aberto, para estar no meio do povo, quis ser uma vez mais Pastor da Igreja de Jesus Cristo, só que “com cheiro de ovelha”.
Francisco está sendo o Papa do encontro que abraça os sofrimentos e as alegrias, os sonhos e as esperanças de toda a humanidade, abraça a vida real das pessoas, fazendo-se próximo e especialmente um verdadeiro amigo. È o Papa do encontro porque è um Papa Amigo. Jamais esqueceremos as imagens dos gestos mais belos de Francisco, são os melhores gestos porque saem espontâneos (comentou Francisco à prensa no vôo de volta a Roma). Quando rezou diante do muro que separa Israel e Palestina, orou ali com o sofrimento daquele povo escolhido por Deus. Também escutou e compartilhou a vida e a dor de todos os refugiados e incapacitados, sobretudo das crianças.
Não esqueceremos aquele abraço tão significativo diante do muro das lamentações, abraço entre cristãos, judeus e muçulmanos, um gesto que nos diz claramente que não existe nada que impeça o respeito e a estima entre três religiões que adoram ao mesmo Deus criador do céu e da terra. Uma vez mais, a cultura do encontro cultivada com humildade, alegria, solidariedade pelo papa Francisco em pessoa è um convite estimulante para quebrar a cultura do individualismo e do egoísmo que predomina na nossa época e na nossa sociedade, mostrando que a Nova Evangelização por parte da Igreja consiste na Igreja em saída, com coragem e com um novo e impulsionado dinamismo.

2. O Papa da paz:
As palavras do Evangelho estão profundamente enraizadas no coração de Francisco: “bem-aventurados os que promovem a paz” (Mt 5,9). A paz é um trabalho artesanal, se constrói dia-a-dia. Hoje quantas indústrias de guerra e de armas surgem no nosso mundo, porém “não existem indústrias de paz” - aclarou o Pontífice-depende de cada um desde o mais profundo do coração, “vencer o mal com o bem”. A paz é uma arte que “não consiste no silêncio das armas, no conter para não chegar à guerra”. É difícil e triste ter que carregar uma arma para se defender e matar, mas é mais difícil ainda abrir o coração e suplicar com humildade a tão desejada paz que este mundo necessita. Por isso, o papa Francisco è um corajoso, promotor incansável da paz.
O grito ensurdecedor da dor e do sofrimento que ecoa pelo mundo desde aquelas terras chegou ao coração do Papa e aos dirigentes tanto de Israel como de Palestina dirigiu um convite de paz: “desde o mais profundo do meu coração... desejo dizer que, pelo bem de todos, já è hora de colocar fim a esta situação, que se torna cada vez mais inaceitável... Chegou o momento de todos terem a audácia da generosidade e da criatividade á serviço do bem, do valor da paz, que se apóia no reconhecimento, da parte de todos, do direito de dois Estados de existir e de desfrutar da paz e da segurança dentro de uns confins reconhecidos internacionalmente” (Discurso as autoridades Palestinas, 25 de maio de 2014). Também em Tel Aviv, Israel, suplicou: “desejo fazer um convite ao senhor presidente da Palestina Mahmoud Amas para rezar pela paz. Ofereço a minha casa no Vaticano para acolher este encontro de oração... Construir a paz è difícil, porém viver sem paz è um tormento” (Discurso na cerimônia de boas vindas em Tel Aviv, Israel, 25 de maio de 2014).
No referente a uma convivência pacifica e respeitosa entre judeus, cristãos e muçulmanos o Papa não hesitou em dizer que “se deve rejeitar firmemente tudo o que se opõe ao objetivo da paz e de uma convivência respeitosa entre judeus, cristãos e muçulmanos: o recurso à violência ou as manifestações de intolerância contra pessoas ou lugares de culto judeus, cristãos e muçulmanos”-e concluiu-“paz a Israel e a todo o Oriente Médio. Shalom!” (Discurso ao presidente Shimon Peres, 26 de maio de 2014). Nesse levar com o coração um ardente desejo de paz Francisco colocou em prática o que ele mesmo escreveu na “Evangelii gaudium”: “a tal finalidade è necessário confiar o coração ao companheiro de caminho sem suspeitas, sem desconfianças, e, sobretudo, olhar aquilo que todos buscamos: a paz no rosto do único Deus”.

3. O Papa do diálogo:

Num mundo cada vez mais individualista e fechado as próprias idéias e convicções pessoais, o papa Francisco mostrou que è possível realizar um diálogo amigável e respeitoso, apesar das diferenças de idéias, de crenças, de pontos de vista e de tradição religiosa. Não sentiu nenhum temor de se aproximar e dialogar como um amigo e como um irmão tanto de judeus como dos muçulmanos e soube valorizar e respeitar a riqueza de ambos. “A verdadeira abertura implica manter-se firmes nas próprias convicções mais profundas, com uma identidade clara e gozosa, mas abertos “para compreender as convicções do outro” e “sabendo que o diálogo pode enriquecer a todos”. Não adianta uma abertura diplomática, que diz sim a tudo para evitar os problemas, porque seria uma maneira de enganar o outro...” (Evang. Gaudium).
Nesse caso, de enorme relevo foi a visita do Papa à Explanada das Mesquitas e justas foram as suas palavras conclusivas dirigidas à comunidade muçulmana: “queridos amigos, desde este lugar santo lanço um veemente chamamento a todas as pessoas e comunidades que se reconhecem em Abraão. Respeitemo-nos e amemo-nos uns aos outros como irmãos e irmãs. Aprendamos a compreender a dor do outro. Que ninguém instrumentalize o nome de Deus para a violência. Trabalhemos juntos pela justiça e pela paz. Salam!” (Discurso ao Grande Mufti de Jerusalém na Explanada das Mesquitas, 26 de maio de 2014).

O Espírito Santo, no fundo dessa tentativa de diálogo e de abertura, continua soprando onde Ele quer e o papa Francisco, guiado por esse Espírito, está sabendo descobrir essa maravilha, dialogando com diversas realidades, fazendo com o próprio testemunho uma Igreja em pleno Pentecostes, sempre em saída, em missão, reconhecendo que a paz e o respeito, especialmente na convivência inter-religiosa, è possível, se também de ambos os lados prosperam o respeito, a escuta e a firmeza na verdadeira e sólida convicção religiosa.

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