por Alice Bresolin


A recente celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo oferece a oportunidade de refletir, de modo mais vivencial, sobre o mistério da vida e da morte, da alegria e do sofrimento.

Por um lado, o Cristo Crucificado traz à memória os momentos e as situações de dor que todo ser humano enfrenta de alguma maneira. Corre-se o risco de assumir uma postura de rebeldia contra o sofrimento que toca à nossa porta: Por que as coisas não poderiam ser diferentes? Como apagar aquilo que nos fere, nos divide ou mesmo estraçalha o coração? Por que eu? Por que assim?

Em poucas palavras, fazemos eco ao mau ladrão: Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também! (cfr. Lc 23, 39) No entanto, para desconcerto geral, Jesus não desceu da cruz e, muitas vezes, não nos tira da nossa, mesmo que tenha poder de fazê-lo.

Por outro lado, o Cristo Ressuscitado é capaz de transmitir uma alegria contagiante e indescritível. Se antes Ele devolveu a vida a alguns – Lázaro, a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim – agora Ele oferece a possibilidade de vida nova para todos (e vida em abundância!). Talvez nunca sejamos capazes de agradecer suficientemente por tudo que recebemos de Deus, inclusive pelas graças que nem percebemos.

Como é possível, então, conciliar este agridoce de morte e vida, sofrimentos e alegrias?

A resposta se encontra no próprio Cristo.

Jesus Ressuscitado não sofre de amnésia: tem ainda em seu corpo as marcas dos pregos. Mas a sua presença é uma prova contundente de que a “a morte, a cruz e o sofrimento não têm mais a última palavra”. Ele é capaz de redimensionar e dar um sentido a todo padecer humano. Sem apagar o passado, Ele o transforma, à luz do Seu amor e da Sua misericórdia.

Por isso, o cristão não pode ficar estacionado na Sexta-Feira Santa. Ele fez o caminho à nossa frente para depois nos acompanhar em nossos sofrimentos e nos assegurar com sua presença amiga: “Não se preocupe, eu faço novas todas as coisas” (cfr. Ap 21,5).


Que a fé e a experiência da ressurreição do Senhor alimentem em nós a alegria, pela certeza de que a Sua vitória é também a nossa.

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