Por Anderson Pitz, LC


Neste tema que apresentamos hoje vamos em busca da pessoa de Jesus. Num artigo que escrevi há poucos dias atras, refletia sobre a importância de conhecer também com a razão a nossa fé.
Os elementos que podemos proundizar com a razão, com o conhecimento ajudam enormemente a crescer também na fé, pois damos razão à nossa fé, a fazemos mais humana, no grau que se pode, obviamente.
Hoje refletiremos sobre a pessoa de Jesus.



Quem é Jesus Cristo?

Eis a grande pergunta.
O nome “Jesus” significa “Deus salva”. 
No encontro da semana passada expliquei como o Antigo Testamento prepara e prefigura o que apresenta o Novo Testamento. Se lemos com atenção o A.T. encontramos tantas imagens que de algum modo antecipam acontecimentos do N.T.

O nome de Jesus, tem a mesma raiz hebraica do nome Josué. Josué foi quem sucedeu Moisés, quem conduziu o povo eleito entrando na terra prometida. Jesus, Deus “que nos salva”, nos libera da escravidão do Egito, escravidão do pecado, nos conduz e faz entrar na terra prometida. A terra prometida é a vida de graça, a vida em Deus.
No libros proféticos tantas vezes Deus falou por meio dos profetas anunciando uma salvação. A liberação, a paz, a terra prometida onde jorra leite e mel. Quantas vezes torna na Sagrada Escritura este refrão: “Deus salva”.

Cristo é uma palavra grega que significa “ungido”. É mesmo significado do termo hebraico mashiah (Messias). A unção no A.T. era uma coisa muito importante. Eram ungidos, em nome e por mandato de Deus, os reis, os profetas e os sacerdotes. 
A unção significava ser escolhido por Deus e destinado a uma missão. A unção conferia dons especiais de Deus.
Tudo isso era o que o povo de Israel, ao entrar em contato com Jesus, descobria. Eles escutavam o seu nome e vinha à mente tudo isso: salvador, ungido, profecias.
 
 Os “nomes” atribuídos a Jesus    no N.T?

 Quando se referem à Jesus no N.T.  escutamos tantas formas diversas  de chamaram ele. Vamos explicar  simplesmente cada uma. Assim,  quando lemos o evangelho também  entenderemos melhor.

Filho unigênito de Deus”: unigênito significa único. Jesus é o único filho de Deus Pai. Porque ser filho é ter a mesma essência, ser igual. Um filho de Deus significa que também é Deus. Só Jesus é Deus, junto com o Pai e o Espírito Santo. Nós somos filhos adotivos, porque somos criaturas que Deus criou a sua imagem e semelhança, e por tanto, nos deu esse dom imerecido de ser como seus filhos, com os direitos e deveres de filho. Tantas passagens do N.T. o Pai se dirige a Jesus como seu Filho: batismo: “esse é o meu Filho muito amado”. Na transfiguração. O mesmo Jesus: “ninguém conhece o Pai se não o Filho e quem o Filho o queira revelar”.

Surgem daqui também outros nomes dados a Jesus como Fiho de Deus, o Filho do Homem.

Senhor”: no tempo de Jesus esta palavra se dizia só a Deus. Não podiam pronunciar o nome de YWHW (Jahvé), por máximo respeito. Senhor é sinônimo de Deus. Jesus demonstrou o seu poder divino expulsando os demônios, ressuscitando mortos, perdoando os pecados (“Só Deus pode perdoar os pecados”).
Surgem daqui também outros nomes dados a Jesus como Salvador, Deus, etc.

Mistérios da vida de Cristo

Adentremos agora no que conhecemos da vida e palavras de Jesus. O que sabemos é pelos Santos Evangelhos onde temos um testemunho de quem viu e ouviu o que o Senhor revelou. Se Deus não houvesse revelado não teriamos acesso a conhecer isso da vida divina.

ENCARNAÇÃO: no credo dizemos: “e por nós, homens, e pela nossa salvação desceu dos céus”. Às vezes passamos rápido por estas linhas do Evangelho que narram a encarnação do Senhor. Pensemos um pouco no que isso significa. O mesmo Deus que veio ao mundo, que se fez homem como cada um de nós. Que sentiu frio e calor, cansaço, alegrias e tristezas. Quis sentir nossas limitações e nossas grandezas. Não porque não soubesse, mas para que nos sentissemos solidariezados.

Por quais motivos Deus se fez homem? Gosto de citar esses 4 motivos que diz o catecismo:
          - Para salvar-nos: escolheu esse meio: padecer, morrer na cruz.
     - Conhecêssemos o amor de Deus: que se entrega sem limites, que conhece minhas fraquezas, que se solidariza comigo porque Ele mesmo sentiu o que sinto.
         - Ser nosso modelo de santidade: olhar para Jesus como viveu é olhar um modelo, um exemplo de como quer Deus que vivamos conforme o seu querer ao criar-nos.
        - Participâssemos da natureza divina: redimindo-nos Jesus abriu as portas do céu e nos concedeu a graça, Deus pode habitar agora em nós.

Eis por que dizemos que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A Igtreja precisou de muito tempo para entender isso que Jesus revelou. Essas duas dimensões não são rivais, nem estão misturadas, nem separadas (por uma parte uma e por outra parte outra). Ele é conjuntamente Deus e homem, ao mesmo tempo. Possui completamente as duas naturezas.
Jesus teve alma, espírito e corpo. Ele trabalhou com suas mãos humanas, pensou com sua inteligência humana, agiu com sua vontade humana, amou com um coração humano. Mas é importante, elevado à potencia perfeita pois Jesus não tinha uma natureza caída como a nossa, com concupiscência. Ele quis sentir nossas limitações humanas, com nossas características. 

VIDA PÚBLICA: terei que ser rápido aqui para não prolongar demais. Simplesmente gostaria de mencionar dois aspectos:

Palavras de Jesus: sempre são palavras com autoridade. Jesus tem uma grande autoconsciencia: ser maior que Moisés e os demais profetas. Sobre a Lei e costumes da época: Jesus respeita mas ao mesmo tempo completa. Prega sobre o Reino de Deus (122 vezes no Novo Testamento). Fala em parábolas. Normalmente no templo, lugar privilegiado da presença de Deus e onde Deus fala. Um enorme significado, pois tem uma importãncia sem igual para os judeus sobre tudo deste período.

Ações de Jesus: os milagres: continuação da pedagogia de Deus no A.T. São gestos da ação espiritual de Jesus: liberadora e salvadora, revelam a sua identidade (“cegos vêem, coxos andam...”), revelam a sua potência divina (explusar demônios, dominio sobre a natureza).

TRIDO PASQUAL: é o centro  contenutístico do Evangelho, onde  há mais páginas, mais descrições.  Indica a sua importância.
       - Juizo religioso: “verão o Filho  do Homem sentado à direita de    Deus”. Duas afirmações: “Filho do  Homem” como já explicamos e  “direita de Deus” que significa igualdade. Revela-se Messias, Deus.
      - Juizo civil: ante Poncio Pilatos. Jesus não fala de um reino terrenal, político mas espiritual.
       - Crucifixão: condena mais dolorosa e difamante. Para escravos. Diz a carta aos Filipenses: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens” (Fil 2,6-7).
         - Ressurreição: sabemos o antes e o depois, a ação da ressurreição não está testemunhada mas é obvio. Os textos da ressurreição no Novo Testamento são narrações e homologias, ou seja, profissões de fé. A ressurreição é confirmação das palavras de Jesus, prova da sua divinidade (não ressuscitou como os outros que ele ressuscitou mas logo morreram de novo; Jesus ressuscitou com o corpo glorioso, como nós ressuscitaremos no último dia), esperança da nossa ressurreição.

Leave a Reply