Tema 8: O número dos sacramentos



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MÓDULO 1: Sacramentos em geral.
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O último tema que vamos abordar no tema dos sacramentos em geral é o número dos sacramentos. Pode surgir-nos essa pergunta: por que os sacramentos são sete e não são mais ou menos? E, por que esses sete e não outros?

Vou contar um pouco da história de como a Igreja chegou à compreensão dos sete sacramentos.

No começo da história do cristianismo ainda não estava muito claro quais eram os sacramentos específicos. Tanto era assim que não havia uma lista, uma marcação de quais eram os sacramentos. A compreensão era muito amplia, muitas ações sagradas eram chamadas sacramentos: hoje diferenciamos sacramentos, sacramentais, bênçãos, etc. Por muito tempo não havia uma visão clara e tudo era chamado sacramento.

Isso é normal, a compreensão vai se dando pouco a pouco e mais ainda quando se trata de coisas sobrenaturais. Estas vão mais além de nós.

Foi só na Idade Média onde encontramos umas primeiras listas indicando os sete sacramentos. O Concílio de Latrão III (1179), o Papa Inocêncio III (+1216), o Concílio de Florença (1431-1439) são os primeiros lugares onde encontramos uma redação específica dos sete sacramentos. Não é que foi inventado aqui a lista, mas bem o texto os sinala como uma realidade já comum e aceita por todos. Como indicando aquilo que já todo mundo sabia.

O Concílio de Trento (1545-1563) será aquele que instituirá definitivamente, por tanto como dogma, que os sacramentos são sete.

Trento somente declarou os sete, não explicou mais. Os motivos desde sempre para justificar os sete sacramentos são a opinião comum da Igreja, o fundamento na Bíblia de cada um deles, o valor simbólico do número sete e os argumentos tomistas de conveniência antropológica.

Anos antes santo Tomás de Aquino dava uma clara explicação de por que os sacramentos são sete. O doutor diz que os sacramentos estão orientados a dois fines: aperfeiçoar o homem no relativo ao culto divino praticando a religião cristã e a oferecer um remédio para o pecado. E compara dizendo que a vida do espírito tem certa semelhança com a vida corporal. Na vida corporal o indivíduo tem uma dupla perfeição: uma referida à própria pessoa e outra referida à comunidade social na que vive.

No aperfeiçoamento pessoal o ser humano passa por três etapas: a geração, na qual o homem começa a ser e a viver. Esta etapa corresponde ao batismo que é uma geração espiritual. A segunda é o crescimento, na qual chega à plenitude da sua estatura e da sua força, se trata da confirmação na qual recebemos o Espírito Santo que nos robustece. A terceira é a nutrição, com a qual o ser humano conserva a vida e o vigor. É a Eucaristia que como nos diz Jesus: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,54).

Em referência ao aperfeiçoamento social o homem se aperfeiçoa de duas maneiras: assumindo o poder de governar e de exercer as funções públicas, coisas que correspondem na vida espiritual ao sacramento da Ordem. Em segundo lugar, se aperfeiçoa reproduzindo a espécie, o qual tem lugar por meio do matrimônio.

Referente à cura e remédio ao pecado também se justificam os sete sacramentos: o batismo remedia a carência de vida espiritual, a confirmação remedia a debilidade espiritual, a Eucaristia a inclinação ao pecado, a confissão perdoa os pecados pessoais cometidos depois do batismo. A unção dos enfermos perdoa a relíquia do pecado que não desapareceram completamente. A Ordem remedia a desorganização na multidão. O matrimônio a concupiscência pessoal e a diminuição da população.
 


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Tema 7: Os efeitos dos sacramentos



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Começamos a falar agora dos sacramentos em quanto aos sete sacramentos instituídos por Cristo e dados à Igreja. Os sete que conhecemos: batismo, crisma, Eucaristia, penitência, unção dos enfermos, matrimônio e ordem sacerdotal.

Estes sacramentos têm uns “efeitos”, nos concedem certos dons à alma. Quando definimos os sacramentos dissemos que são sinais visíveis, meios materiais que podemos ver, tocar, sentir, mas também dissemos que além disso eles concedem a graça. Justamente desta segunda parte vamos falar agora.

Os efeitos dos sacramentos são basicamente três: a graça santificante, as graças próprias de cada sacramento e o carácter sacramental no caso do batismo, crisma e ordem sacerdotal.

A graça santificante é um dom infinito. Deus mesmo que nos concede certa semelhança ao seu ser divino. Pela graça Deus nos comunica a sua vida em nós. Isso significa que nos dá dons e virtudes que pertencem ao seu ser. Com a graça santificante a alma do cristão se enche de luz, de brilho porque Deus mesmo se faz presente de forma plena na alma. Deus toma posse da alma e Ele é quem atua se lhe permitimos.

Os sacramentos são a porta para receber a graça santificante (batismo), para recuperá-la em caso de ter perdido (confissão) ou de acrescentá-la (os demais sacramentos).

Além da graça santificante cada sacramento concede umas graças especiais, específicas. Santo Tomás de Aquino diz que os sacramentos acompanham toda a vida do cristão e cada um deles é dado num momento específico da vida para conceder umas forças especiais para aquela etapa ou estado da vida. Como aqui estamos apenas indicando em geral os efeitos dos sacramentos deixamos a explicação assim, que cada um deles concede graças especiais, mais adiante quando abordemos cada um dos sete sacramentos vamos indicar as graças que cada um deles concede de modo particular.

Por último, três deles imprimem na alma o carácter sacramental. Estes são o batismo, a confirmação e a ordem. A palavra carácter vem do antigo grego e significa um selo, uma marcação. Estes sacramentos marcam a nossa alma com um selo muito especial, um selo divino, somos marcados por Deus e para Deus.

O carácter é uma capacidade para o culto divino. Cada carácter nos faz capazes de atos de culto, que consiste em receber ou doar realidades divinas. Recebe as realidades divinas, as graças, quem está batizado e logo ainda mais plenamente quando está crismado. Pode doar as realidades divinas, os dons sobrenaturais do corpo de Cristo, do seu perdão, etc. quem recebeu a ordem sacramental, o sacerdócio.

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Tema 6: Necessidade e eficácia dos sacramentos



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Neste momento explicaremos se são necessários os sacramentos para salvar-se e como eles atuam na nossa alma.

Cristo morreu na cruz para redimir-nos dos nossos pecados e para abrir-nos as portas do céu fazendo-nos filhos de Deus. Porém, nós não recebemos essas graças só pelo fato de nascer. O meio de recebê-los é o batismo e logo, essas graças se acrescentam ou se recuperam pelos demais sacramentos.

Porém, para salvar-se é necessário receber os frutos da cruz de Cristo. Por diversas circunstâncias uma pessoa pode não receber os sacramentos materialmente. Há necessidade pelo menos de querer recebe-los, assim chamado a recepção por desejo.

Santo Tomás a quem tanto nos referimos sobre a doutrina dos sacramentos diz que necessitamos o batismo para entrar na vida de graça, a penitência para recuperá-la, e o sacramento da ordem para transmitir certas graças sacramentais (consagrar, crismar, perdoar, etc.).

Por que são necessários os sacramentos. Pelo nossa mesma condição humana unida à matéria. Nós chegamos ao espiritual e ao inteligível por meio do corpóreo e sensitivo. Por isso, a Divina Providência confere ao ser humano os auxílios à salvação sob certos sinais corpóreos e sensíveis, chamados sacramentos. 

Em segundo lugar, é como um remédio. Ele não contém em si a saúde, mas a dá por meio de uns elementos materiais que serão causa deste efeito.

Os sacramentos, como dissemos anteriormente, não são apenas sinais, mas contém em si as graças que conferem. São instrumentos de tais graças.

São eficazes porque além de significar produzem a graça. Está conteúdo neles a graça. Uma coisa pode estar conteúda na outra de diferentes formas. Como um efeito está na causa, assim está a saúde num remédio. Ou pode conter-se como está o que significa no que a simboliza, como está a indicação de virar a direita na placa que indica esta ação.

Os sacramentos agem pela mesma ação de Cristo. “Eles são eficazes, porque neles é o próprio Cristo que opera: é Ele que batiza, é Ele que age nos sacramentos para comunicar a graça que o sacramento significa” (Catecismo, n.1127).

E ainda, “é esse o sentido da afirmação da Igreja (44): os sacramentos atuam ex opere operato (à letra: «pelo próprio facto de a ação ser executada»), quer dizer, em virtude da obra salvífica de Cristo, realizada uma vez por todas. Segue-se daí que «o sacramento não é realizado pela justiça do homem que o dá ou que o recebe, mas pelo poder de Deus». Desde que um sacramento seja celebrado conforme a intenção da Igreja, o poder de Cristo e do seu Espírito age nele e por ele, independentemente da santidade pessoal do ministro. No entanto, os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe” (Catecismo n. 1128).

“A Igreja afirma que, para os crentes, os sacramentos da Nova Aliança são necessários para a salvação. A «graça sacramental» é a graça do Espírito Santo dada por Cristo e própria de cada sacramento. O Espírito cura e transforma aqueles que O recebem, conformando-os com o Filho de Deus. O fruto da vida sacramental é que o Espírito de adopção deifique os fiéis, unindo-os vitalmente ao Filho único, o Salvador” (Catecismo n. 1129).

 

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Tema 5: A instituição dos sacramentos



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Para muitas pessoas deve ser difícil entender porque, certos sacramentos, não tem um lugar específico no Evangelho onde Cristo os institui. Esse foi o motivo que levou Martin Lutero a negar quase todos os sete sacramentos. Ele pensava que, como não estava na Bíblia, então não foram formados por Cristo, mas só pela Igreja. Porém, essa é uma visão muito limitada. Porque um sacramento, sendo uma realidade tão sublime pelo que significa de dar umas graças tão especiais, não devem ser compreendidas somente num momento específico das Escrituras.

Em muitos momentos Cristo foi anunciando cada um dos sacramentos, foi preparando o nosso entendimento para compreender o sinal que ele queria deixar-nos para obter essa graça específica.

Poderíamos falar da instituição de cada um dos sacramentos, mostrar as passagens bíblicas onde Cristo vai instituindo cada um deles. Isso será feito mais adiante quando expliquemos cada um dos sete sacramentos em particular. Agora nos limitamos simplesmente a uma explicação dos sacramentos em geral.

O mais importante no momento é esclarecer que todos os sete sacramentos, como diz o Concílio de Trento, foram formados por Cristo e esclarecer o que significa instituir. Santo Tomás de Aquino explica que instituir é admitir a uma coisa sensível o poder de significar e de produzir uma graça. É dar um efeito por meio de uma causa.
 
A atenção é ao interior, ao efeito. Isso é o específico da instituição, do sacramento. Mas uma graça é um dom espiritual, só Deus pode dar isso. Por isso, só Deus pode instituir um sacramento, só Ele pode dar-nos essa graça por este meio que Ele mesmo escolheu. Por isso, os sacramentos podem ser e foram instituídos somente por Cristo. O mérito desta graça dada é a sua paixão, ele nos comunica, nos dá os frutos, os efeitos da sua paixão por meio dos sacramentos.

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Tema 4: A definição de sacramento




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Depois de ter feito um longo caminho da história da salvação e por tanto, as história dos sacramentos, podemos agora entender uma possível definição de sacramento.

  

Até agora falamos da palavra sacramento em sentido geral, quase que poderíamos chamar sacramentalidade, ao conceito desenvolvido até agora. Vamos definir e explicar o que é um sacramento em geral, neste mesmo sentido de sacramentalidade, e logo, os sacramentos como entendemos pelo estudado no nosso catecismo.


Sacramento, em geral, é “um sinal visível de uma realidade invisível”, dizia Santo Agostino. Ou ainda, “sinal de uma realidade sagrada em quanto que santifica o homem” (Santo Tomás de Aquino).
  
Tomamos estas duas definições muito semelhantes entre si porque expressam plenamente o significado de como a Igreja entende os sacramentos.
  
Neste conceito tão amplio entram tanto os sete sacramentos, porque eles também sinais visíveis que dão uma graça invisível, para a nossa santificação. Mas também podem ser sacramentos em certo sentido as pessoas, porque podem ser canais para receber essas graças invisíveis, imateriais, espirituais de Deus.
  
Qual é, por tanto, a diferença? Que um é sacramento propriamente dito, instituído por Cristo e reconhecido pela Igreja, e os outros não. Os segundos “são como um sacramento”, mas não são sacramentos em si. Além do mais, os sacramentos não são apenas sinais mas são eficazes porque contém em si a graça. O batismo, em mérito de Cristo que atua nele, contém em si a graça da nossa purificação do pecado original e nossa transformação em filhos de Deus. As outras coisas chamadas sacramentos não contem em si essa graça.
  
Existem alguns elementos que não podem faltar para compreender o significado completo de sacramento. Estes são:   
  • Que se trata de uma celebração do mistério Pasqual. Os sacramentos transmitem a graça que Cristo mereceu pela sua paixão, morte e ressurreição. Eles, justamente, nos transmitem essa graça. São os meios que Cristo quis para dar-nos essas graças.
  • São ações do Cristo celeste. É Cristo mesmo quem obra por meio deles. É Cristo quem batiza, quem perdoa os pecados, quem consagra a Eucaristia, por meio dos seus ministros.
  • Através do Espírito Santo e da Igreja. Jesus confiou aos seus discípulos e por meio deles, aos seus sucessores, o poder de administrar essas graças que nos vem comunicadas através do seu Espírito.  
  • Todos e cada um deles foram instituídos por Cristo de forma específica como o Batismo e a Eucaristia, ou de forma genérica como os demais sacramentos. Entende-se de forma genérica a que não há um momento pontual no qual Ele instituiu mas por meio de várias palavras, gestos ao longo de sua vida manifestam a sua vontade institucional.  
  • Os sacramentos tem um aspecto encarnacional, sensível e simbólico. São realidades físicas, visíveis, simbólicas. Quase que encarnam, tem, contém a virtude divina, a graça que Deus quer comunicar.  
  • Conferem a graça santificante. É o efeito dos sacramentos. Estudaremos eles mais adiante.





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