Saiba viver santamente

Por Leonardo Ramírez, L.C.

Primeira parte: Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar.

“Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda aparência do mal” (1 Tessalonicenses  5, 16-22).

Numa das últimas catequeses o Papa Francisco falou da vocação universal dos homens à santidade, explicando o modo e o caminho que Deus nos oferece para avançar na vida e nos aproximarmos cada dia mais da morada que Ele nos tem preparada, segundo a promessa de Cristo (Papa Francisco, Audiência General, Praça de são Pedro, 19 de novembro de 2014).

São Paulo nos apresenta na carta aos Tessalonicenses alguns conselhos para orientar e fortalecer nossa vontade na peregrinação para o céu. Estes conselhos, embora fossem escritos para uma comunidade cristã dos primeiros tempos, no desígnio de Deus e pela sua inspiração, são palavras para todos os homens da história, são palavras para mim e para você, pois todos, independentemente da vocação e da missão que temos, somos chamados a sermos santos.

O primeiro dos conselhos é um convite a viver sempre alegres, pois Cristo viveu feliz e depois de sofrer a paixão e morrer, com a sua ressurreição nos deu novamente a alegria. O gozo de saber que Ele venceu e que nós estamos chamados à sua mesma alegria, à sua ressurreição, esse é o centro da vida e da pregação da Igreja.

Por isso, a insistência do Papa na importância de não nos esquecer de que o evangelho é mensagem de alegria, de esperança, é Deus que vem ao nosso encontro e nos convida a viver com Ele, a lutar para chegar à vida eterna. Deus não quer que sejamos tristes, Ele é o primeiro interessado na nossa felicidade.

O Papa Francisco nos convida a viver a alegria do Evangelho, alegria que nasce do encontro com uma pessoa que enche a vida de força e nos impulsiona a comunicá-la aos outros.

E aqui passamos ao segundo conselho do Apóstolo: “Orar sem cessar” é o convite a viver perto do Senhor, pois sem Ele nada podemos fazer. Só com a presença do Senhor e do seu Espírito, com a força que nasce d’Ele, podemos chegar à santidade.

O Papa nos convida não só a transmitir a alegria do Evangelho, mas também a sermos evangelizadores com espirito, isto é, cristãos que sabem descobrir a sua presença nas suas vidas e que não podem deixar de anunciar esta alegria ao seu redor. (Cfr. Evangelii Gaudium 254-262).

Eis a importância de ser cristãos com espírito, que vivem felizes e perto do Senhor, causa da sua alegria e o impulso que motiva à missão.

Como ensina o catecismo da Igreja Católica, Deus nos criou para viver eternamente com Ele, por isso quer que sejamos felizes, Ele sabe que não podemos ser felizes sem Ele, por isso é importante rezar sem cessar, pois só poderemos ser cristãos felizes perto de Deus (Cfr. 27).



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O trono de Jesus Cristo é o coração do homem

Por Celso Júlio da Silva LC

A solenidade de Cristo Rei do Universo foi instituída pelo Papa Pio XI em 1925 que, num mundo que acabava de passar pelos horrores da Grande Guerra e começava a levantar algumas bandeiras ideológicas, escreveu a sua primeira encíclica, “Quas primas”, na que proclama Jesus Cristo como Rei do universo. Com esta solenidade também pomos ponto final no ano litúrgico, lembrando-nos de que só Jesus Cristo é Rei de toda a criação e, sobretudo, dos nossos corações.

Hoje soam com vibrante eloquência, em toda a terra, aquelas palavras brônzeas no obelisco de Heliópolis, fincado no meio da Praça de são Pedro: “Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat” (Cristo vence, Cristo reina, Cristo impera). E, nesse contexto, Cristo, que na sua vida terrena nunca mencionou ser Rei, hoje deseja sentar num trono: no nosso coração.

1.Cristo vence, reina e impera!

Cristo vence hoje! Cristo reina hoje! Cristo impera hoje! Não podemos dizer isso de tantos reis, imperadores e líderes políticos ao longo da história, nem de Júlio Cesar, nem de César Augusto, de Nero, de Carlo Magno, de Frederico II, de Carlos V, de Felipe II, de Hitler, de Mussolini, de Stalin, de Franco e de tantos outros dirigentes de nações. Eles já não existem mais. Hoje todas as suas glórias estão guardadas no baú do tempo que se chama gramaticalmente- “passado”- e não voltam mais.

Que pequeno é, por exemplo, aquele “veni, vidi, vinci” de Júlio Cesar depois de cruzar o Rubicão, está tudo em passado, foi e agora não é mais! Quanta vaidade foi para Luís XIV, monarca francês, pronunciar aquele “o estado sou eu!”-hoje a frase muda um pouco- “o estado foi ele”. Para eles e tantos outros bem vale aquela frase famosa que se encontra nas tumbas honoríficas barrocas- “sic transit gloria mundi” (assim passa a glória do mundo!).

Jesus não é como os poderosos desta terra. O seu poder é vigente hoje! Aquele sepulcro vazio não nos engana, mas nos fala de um Deus que, querendo atravessar conosco as vicissitudes da história, continua presente no hoje da sua Igreja, seu Corpo Místico, manifesta a sua presença nos seus santos no decorrer dos séculos, nos acompanha no sacramento da Eucaristia e nos dá a certeza de que está conosco todos os dias até o fim dos tempos. “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos morreram...e é preciso que Ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser derrotado será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo dos seus pés” (1 Cor 15, 25-26).

Jesus é um Rei que jamais conhecerá a força dum passado sem retorno, porque Deus na pessoa de Jesus Cristo quis abraçar de uma vez para sempre na profundidade cósmica e misteriosa da sua paixão, morte e ressurreição tempo e eternidade, passado, presente e futuro, e assim não nos deixou sozinhos, entregues ao pecado e à morte, mas nos fez partícipes do seu Reino. Nós, cristãos, com os pés bem colocados nesta terra, olhamos para a glória do Céu, onde está Aquele que foi na nossa frente, abrindo-nos o caminho que dá ao seu Palácio, onde “Ele será tudo em todos” (1 Cor 15,28).    

2.Então, Tu és Rei? Sim. O Rei do serviço e da humildade.               

Jesus é Bom Pastor, Vida, Pão, Luz, Caminho, Verdade, mas nunca disse ser Rei. Falou do seu Reino, mas nunca disse: “Eu sou Rei”. Depois de multiplicar os pães, todo mundo com o estômago agradecido quis declará-lo rei e Ele se retirou, fugindo da glória deste mundo. Duro foi aquele apelido dado a Herodes- “aquela raposa”. Quando teve que opinar sobre questões que implicavam o imperador no meio, não pensou duas vezes- “ao César o que é de César”. Jesus fugia de ser rei?

Pilatos, procurador romano, também fez algumas perguntas interessantes a Jesus. A primeira foi “quid est veritas?” (o que é a verdade?); e ele não sabia que a resposta estava misteriosamente escondida detrás da sua pergunta, pois, se usamos todas as letras da pergunta formulada em latim mudando as posições e formando outras palavras, temos a seguinte resposta “est vir qui adest!” (é o homem que está aqui presente!): a Verdade estava diante dele e não sabia! A outra foi “Tu és rei?” e Jesus começa respondendo: “o meu Reino não é deste mundo...”; mas de ser rei...nem conversa! Jesus não falou nada. Quantos Pilatos andam nas nossas ruas, estão dentro da nossa família, do nosso trabalho! São Pilatos que não reconhecem a Verdade e a Realeza de Jesus Cristo nas suas vidas.

Mas, no fundo desta atitude de Jesus, aprendemos que o verdadeiro poder, aquela pessoa que realmente tem autoridade, na verdade está chamada a uma vocação de serviço e de humildade. A mesma palavra “autoridade” significa etimologicamente “aumentar, crescer”, mas não a nossa fama, o nosso egoísmo, o nosso prestigio social, mas os que nos rodeiam, que os nossos irmãos cresçam ajudados por nós, pelo nosso testemunho que arrasta e pelo nosso apoio fraterno que os sustenta. Quem maior poder tiver, maior responsabilidade de servir e ajudar o próximo no amor e com amor terá.

Não temos dúvida de que Cristo é o nosso Rei e nesta solenidade Ele nos chama a tomar consciência disso: ter autoridade significa estar para servir, não para nos envaidecer e que os outros nos sirvam. Jesus é Rei que só aceita uma coroa, a de espinhos. Só aceita um trono, a cruz. Só aceita um manto, um trapo velho e remendado. Veio para servir e não para ser servido.            

3.Um trono: o coração do homem.

Jesus é Rei e é ao mesmo tempo o Reino. Quantas vezes rezamos “Venha a nós o vosso Reino!”, pedimos que Cristo venha e reine dentro de nós, na nossa vida, na nossa família, no nosso trabalho, nos nossos ambientes comunitários e continuamente a nossa vida cristã consiste em encontrar no meio dos problemas diários e das dificuldades que vão aparecendo o Rosto desse Rei e desse Reino que nos espera e que nos dá esperança.

Onde está o seu Reino? Está dentro do coração de quem ama e leva a Boa Nova a todos os povos. Quando damos de comer a quem tem fome, de beber a quem sede, e damos dignidade àquela pessoa que não a tem, dando-lhe uma oportunidade de trabalho, oferecendo-lhe espaço e voz na comunidade; quando acolhemos com alegria o estrangeiro, o necessitado, o pobre, o enfermo, o pecador que caiu, os encarcerados, os marginalizados... quando somos discípulos de Cristo, então o Reino vem, o Rei age neste mundo. Porque tudo isto “a mim o fizestes” (Mt 25, 40). E fazemos tudo isto porque no nosso coração está Cristo, ali Ele encontra o seu trono e dali Ele reina.

Já quando no nosso coração só tem protagonismo pessoal, ambição de poder, fama e sucesso e esquecemos que somos portadores do Reino, especialmente aos mais simples e humildes, então que triste vai ser escutar naquele último dia: “retirai-vos da minha presença, malditos. Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos!” (Mt 25, 41). E quantos por afã de protagonismo e de poder, viveram como se fossem “reis do mundo” e, em vez de viver a autoridade como serviço, sabendo que só eram “filhos do Rei”, quiseram ser servidos e não contemplaram o Rosto do Rei, manso e humilde. Caíram talvez no esquecimento do “passado” porque não quiseram vencer, reinar e imperar com Cristo, por Cristo e em Cristo servidor. Servir a Deus e o próximo é reinar! Deus não achou no coração deles espaço para fazer dele o seu trono e assim reinar.

Oração: Senhor Jesus Cristo, Rei do universo, Tu que vences, reinas e imperas no hoje da vida da Igreja e na vida de cada homem, ajudai-nos a servir-vos nos irmãos com espírito de serviço e humildade, para que o vosso Reino se estabeleça concretamente em todos os âmbitos da sociedade e que todos os que exercem alguma autoridade nesta terra, possam comtemplar a vossa cruz e trilhar o caminho desinteressado do amor e da entrega, e não caiam na tentação da fama e do prestigio, mas saibam dirigir os povos ajudados pela vossa graça, com o olhar fixo em Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Amém.      

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A Utilidade da Filosofia

Por João Paulo Alves LC

 “Filosofia serve só para discutir, criar perguntas sem encontrar respostas, e dizer que, ao final tudo, depende do ponto de vista de cada um e por isso, melhor nos dedicarmos a fazer algo que valha a pena em vez de perder o tempo com ideias inúteis.” 
Não pouco frequentemente se escutam opiniões assim, mesmo em meio a quem se declara católico, pois, segundo eles, ao final de contas o que importa mesmo é a sua fé em Cristo. O mais interessante é que os autores dessas proezas não se dão conta do fato de que, se se busca causas para explicar a inutilidade da filosofia, já estão filosofando.
Em primeiro lugar, filosofia se define como estudo de toda a realidade por suas causas últimas. Isso quer dizer que, o fato de que você seja intelectualmente capaz de ler este artigo ou até o fato de que um embrião que se forma como uma pessoa dentro do útero da sua mãe, tem a possibilidade de um estudo filosófico por detrás, pois são ambas as realidades.
A realidade constitui o mundo no qual vivemos e que, por força da experiência imediata do mesmo, não o podemos negar. Por isso sendo a filosofia o estudo das causas ultimas, a cada vez que se pergunta: “Quem sou eu?” “Porque existo?” “Qual é minha finalidade nesse mundo”- pode-se saber que, ainda que inconscientemente, se realizou um profundo percurso filosófico ao interno da mente, visto no fato de ir à raiz da existência de uma coisa ou pessoa que nos porta à busca por uma causa última.

Vê-se que essa busca não é algo que apareceu no homem somente algumas décadas atrás. Ela é parte essencial da natureza humana e constitui o desenvolvimento da filosofia especialmente em Grécia e Império Romano. Cícero, por exemplo, considerava a filosofia como a corretora de vícios e seu refúgio em meio desses, além do mais se indagava do que teria sido dele, dos homens e da sociedade, se não fosse pela influência da filosofia nas suas vidas. Sua pena consistia em perceber um desprezo entre os homens para com o reconhecimento do valor da mesma e assim lhes atribui a ignorância como causa de tal desprezo (Tusculanae Disputationes V, 2).

Algo não muito diferente se vê hoje, percebe-se um desprezo, mas mais ainda que a sociedade não pode sobreviver sem o sustento da filosofia, que se faz evidente à vida do homem. Tal evidência se percebe a cada filme que se vê durante uma tarde de sábado. Existe nesses um bombardeio de informações que expressam as ideias filosóficas do produtor. Não necessariamente toda informação transmitida é consoante com a verdade, mas ao menos é uma expressão clara de uma determinada filosofia (seja fundada nos valores pessoais de quem produz ou no estudo dos valores transcendentais ao homem). 
Suponhamos que em um filme se apresenta que o mundo não existe e tudo é apenas uma criação dos nossos pensamentos (qualquer semelhança com Matrix é uma mera coincidência), já há aqui certa filosofia, sendo feita por mais pobre que essa seja, pois para mostrar sua inautenticidade bastaria pôr-se a mão sobre o fogo e ver que meus pensamentos são capazes de fazer com que minha mão seja imune.
  “Os heróis devem matar os vilões.” “Posso ter relações sexuais na primeira noite após ter conhecido uma garota” “Tenho controle de minha vida não preciso de meus pais me seguindo a todo o momento.” Ideias como essas estão correntemente sendo presentadas à nossa mente, não somente em filmes, mas escutando a rádio, lendo um livro, ou assistindo a uma série de televisão. Mas são essas realmente verdades? Dependem da opinião de cada um sobre o tema ou há um principio objetivo em cada uma delas? Só chegaremos a essas conclusões se raciocinarmos e se buscarmos os porquês e, por isso, não podemos negar o valor de filosofar.
Nem tudo é relativo, pois afirmá-lo já faria dessa uma afirmação absoluta e, consequentemente, levaria todo o sistema, por mais bonitinho que seja, por água abaixo. Creio que melhor seria analisar o que conhecemos com a filosofia? Conhecemos a verdade. Conhecemos o porquê de nossa existência, conhecemos quem somos e aonde vamos. Conhecemos não somente a verdade, mas A Verdade, pois se existimos é porque viemos de uma Causa que nos criou, uma Causa que voluntariamente e sem modificar-se criou tudo e a quem tudo retorna uma Causa que é perfeita, ato puro, subsistente e eterna. E, conhecendo essas verdades, somos capazes de dar um passo a um nível que a mesma filosofia já não pode alcançar, mas sim nos prepara: conhecer que essa Causa nos amou e nos criou a Sua imagem e semelhança e enviou Seu Filho único por amor a Suas criaturas.
Não se pode afirmar que a filosofia seja inútil, nem menos contraria à fé, nem é coerente que algum cristão duvide de sua necessidade , pois os mesmos padres da Igreja e Escolásticos buscaram o estudo da fé por meio da filosofia e a síntese entre as duas, dando-lhes os seus respectivos papéis na busca para a verdade. A cada vez que se tenha dúvida se realmente a filosofia é valida para um cristão, deve-se lembrar de que foi a mesma Verdade quem disse: “Eu sou o caminho a Verdade e a Vida” (Mt 14,16).

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Por que a Igreja fala sobre a moral?

por Anderson A. Pitz, LC


Um dos temas mais candentes de hoje em dia é a moral, a ética. Todo ser humano pergunta se está bem ou mal o que faz. Para obter uma resposta deve ter uma medida, alguém que indique como e dentro do que se julgar.

Existe um erro muito comum: ver a moralidade como um conjunto de normas que devo cumprir. Como se fosse normas de trânsito que existem para a ordem social, a boa circulação dos usuários. E do mesmo modo, pensamos ou falamos: "não posso usar anticonceptivos porque está proibido", "as relações pré-matrimoniais não são aceitas" e assim por diante uma lista infinita.

A moralidade vai muito mais além de um conjunto de normas. Se fosse assim, seria apenas uma camisa de força, uma exigência que vem desde o exterior. A moralidade, em realidade, nasce dentro de cada ser humano. Todos nós buscamos o bem nas nossas vidas. Bem não em geral, mas em cada coisa o que fazemos: estudamos para aprender, trabalhamos para adquirir, educamos para formar pessoas do futuro. Do mesmo modo nas menores coisas de cada dia: nos alimentamos para ter forças, sorrimos para ser feliz, etc. Tudo o que fazemos é porque queremos um bem para nós.

A moralidade se converte em verdadeira moralidade quando descobrimos nela o bem enorme para nós: preservar a tua pessoa humana íntegra, o teu ser mais que o teu haver, a tua dignidade mais que a tua utilidade.

Aqui entra o papel da Igreja Católica. Ela nos lembra os valores infinitos, os bens profundos para cada um de nós que estão detrás de cada aspecto da moralidade. Muitas vezes esses bens se ofuscam aos nossos olhos pela cultura, pela deformação da nossa consciência, pelas nossas limitações. Por isso, por ter as vezes essas nuvens diante dos nossos olhos, é que não entendemos certos valores ou "normas" morais que a Igreja defende e exige.

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Aí está o desafio: descubramos os valores que a moralidade traz para cada um de nós. Descubramos como um bem, profundo e infinito. Este é o verdadeiro caminho da felicidade.

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O divórcio é uma agressão à carne de Jesus Cristo

O divórcio é uma agressão à carne de Jesus Cristo

Por Celso Júlio da Silva LC



Um dos temas do Sínodo sobre a família foi o do divórcio, triste realidade que produz a desestruturação de várias famílias. As relações atuais do Sínodo não são conclusões que devem ser tomadas como Magistério da Igreja, mas como uma visão concreta e atual das famílias do nosso tempo e a relação do empenho pastoral neste campo com as devidas aplicações doutrinais no mesmo.

Aqui somente desejo despertar as consciências de todos os que já estão casados e dos que pensam em se casar. Trata-se de uma visão profunda sobre a sacralidade matrimonial, que não se trata de “amor-fantoche” e sobre o fato de que um caso de divórcio é um pecado grave, porque não se dá só a fratura entre os cônjuges, que livremente formaram uma só carne na carne do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, mas que, com o divórcio, também agridem a carne de Jesus Cristo.

1.Uma só carne na Carne de Cristo:


Amor à primeira vista, flechaço numa manhã de primavera, sensações e sentimentos bonitos de um instante... Isto é matrimônio? Claro que não! Isto pode ajudar os noivos a tomarem uma decisão séria para o resto das suas vidas. Porém, quantos namorados pensam assim? Tem uns que pensam que casar é mero protocolo civil e, para não escandalizar ninguém, é bom dar uma passadinha no altar paroquial, senão... Contudo, matrimônio é sacramento, onde o amor humano entre um homem e uma mulher encontra plenitude e fecundidade no seio da Igreja, Corpo Místico de Cristo, e portanto, amor que se realiza e se fecunda na Carne de Jesus Cristo, de cujo Corpo, que é a Igreja, Ele é a Cabeça.   

O amor matrimonial é uma entrega total ao outro, “de tal maneira que não são dois, mas uma só carne” (Mt 19,6). E o desejo de Deus é que os cônjuges sejam conscientes de que Ele é o primeiro interessado na fecundidade dessa união e que não se quebre jamais, porque “o que Deus uniu o homem não separe” (Mc 10, 9). Casar-se na Igreja Católica quer dizer estar insertado na graça divina, participar do plano amoroso a partir da união sacramental com a carne mesma de Cristo.

É maravilhoso reconhecer que um casal só fecunda no amor e na união quando olham ambos a mesma Pessoa: Jesus Cristo e Nele aprendem a ser esposo e esposa que se entregam um ao outro. Nisto captamos a riqueza do que diz são Paulo aos Efésios: “Maridos, amem as suas mulheres como Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25). Realmente muitas separações não aconteceriam se tudo isto fosse o farol dos casais no meio das trevas pelas quais às vezes atravessam.

2.Uma só carne que não é “amor-fantoche”:

Também é verdade que a vida matrimonial custa, às vezes dói e o casal pode chegar num ponto em que dá vontade de gritar um para o outro, de gritar à própria carne: “não aguento mais você”. E por que isto acontece? Porque o amor inicial se esfria diante das dificuldades que a mesma convivência supõe. Basta um engano, em erro, uma precipitação e pode acontecer do casal começar a claudicar no amor e afirmar que nunca existiu amor de verdade e como conclusão: divórcio.

As dificuldades matrimoniais não enfraquecem uma verdadeira união de corações, mas revelam se entre os dois reina um amor de verdade e não um “amor-fantoche”. Que longe vão ficando no tempo e quão perto das exigências diárias aquelas promessas nupciais de “ser fiel na saúde e na doença, na tristeza e na alegria, em todos os dias da minha vida”... E como disse o papa Francisco: “de repente começam a voar os pratos”. Começam as diferentes opiniões, afloram os temperamentos, chegam os dias nublados no horizonte matrimonial... Mas isso faz parte! Porém, uma coisa e fundamental: os pratos podem sair voando pela janela, mas nunca um casal deve terminar o dia sem olhar um para o outro e dizer: “desculpe. Vamos dar um jeito... Eu te amo!” Só assim um casal vai para frente com a ajuda de Deus!

3.Uma agressão à carne de Cristo:

No final das contas, o que é o divórcio? É um sacrilégio, é uma agressão a essa “uma só carne” que Deus uniu. Pensemos nesta analogia: ninguém corta a própria cabeça só porque tem dor. Ninguém arranca o próprio braço só porque sofreu um arranhão. Mas quando dói a cabeça, toma-se um remédio, dá tempo e melhora. Quando se arranha o braço, espera cicatrizar, deixa que passe um tempo e melhora. Agora, diante desta analogia, que sentido tem o divórcio, senão o de uma autêntica agressão a essa “uma só carne” que às vezes dói, custa e se machuca na convivência diária?

Por isso, a Igreja não aprova o divórcio e Deus se entristece, porque detrás de cada divórcio existe um deserto gigantesco de quem não sabe que amor autêntico é doação tanto nos dias floridos de primavera como nos dias de tempestade. Quebra-se a união entre os cônjuges (uma só carne), e automaticamente se quebra a união com Jesus Cristo(uma só carne na Carne de Cristo) e com a sua Igreja, e por isso não é lícito comungar, porque separação e comunhão são duas realidades contraditórias.
                
Com razão Pascal afirmou que Cristo está sofrendo a sua paixão ao longo da história da humanidade, pois quando um casal diz um para o outro: “estou cansado de você, já não te amo”, outra vez Cristo é levado ao patíbulo da cruz, sente a dor dos pregos nas mãos e nos pés, porque sofre a separação dessa “uma só carne”, que existe substancialmente na Sua Carne por meio do sacramento do matrimônio, que é uma das gotas que fluiu do seu lado aberto de amor por nós na cruz.

O casal que opta por se divorciar já não olha para Jesus Cristo, mas olha cada um o seu próprio interesse egoísta e, se o casal tem filhos, quanto sofrem os pobres filhos! Quem se divorcia agride essa “uma só carne” sacramental, “uma só carne na Carne de Cristo”, atenta contra a carne de Jesus Cristo, ofende a Pessoa de Cristo e já não sabe o que é amar e ser amado, porque despreza a fonte mesma do Amor, o Amor mesmo.

É verdade que os divorciados também sofrem com esta situação, mas eles também não devem esquecer que quem sofre primeiro é Jesus Cristo, porque Quem nos amou primeiro também aceitou correr o risco de sofrer primeiro, de carregar nos próprios ombros o peso da nossa ingratidão e dos nossos pecados, e no caso de um matrimônio, o triste peso de um divórcio.

Oração: Senhor Jesus, fortalecei no amor e na união todos os casais e ajudai os divorciados a encontrar o caminho de volta à graça para que não ofendam mais a vossa Carne e não quebrem para sempre o amor entre eles, amor que Vós unistes numa só carne sacramental. Amém.
  

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O terrorismo da murmuração

por Anderson A. Pitz, LC


O Papa Francisco usou hoje, no encontro com os representantes da Assembléia nacional da Conferência Italiana de Superiores Maiores, esta expressão tão plástica e ao mesmo tempo tão real: "o terrorismo da murmuração".



Disse ainda: "se você tem alguma coisa contra o teu irmão, vai e diga para ele... algumas vezes isso terminará em socos, não tem um problema, é melhor isso que o terrorismo da murmuração".

Simpático escutar da sua boca estas palavras. Palavras que num princípio talvez façam sorrir mas, logo, "cai a ficha" e entendemos o que significa realmente. Se temos alguma coisa, qualquer coisa, contra uma pessoa, a solução não é sair por aí espalhando aos quatro ventos os seus defeitos, aquilo que fez errado, aquilo que eu interpretei como mal nele. 

Que difícil é tomar a atitude, a coragem e o valor para encontrar-me com a pessoa e falar diretamente para ela. Se temos medo de dizer, pode ser porque tenhamos também medo de descubrir que estávamos equivocados.

Murmurar é terrorífico. Ataca-se à outra pessoa. A destrói. Murmurar é um verbo que vem de morder, morder a boa fama dos demais. Se vamos morder alguma coisa, mordamos a nossa língua mas não deixemos que saia da nossa boca nenhuma palavra em contra dos demais. Este é o DNA do verdadeiro cristão. Uma atitude brota do coração onde o amor mora de verdade.

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Dia de finados

por Anderson A. Pitz, LC



Hoje é um dia no qual recordamos de modo muito especial aos nossos fiéis difuntos.


Recordá-los, visitar eles mas sobre tudo, rezar pelos nossos caros amigos e familiares que estão já na visão da glória. Este é o sentido desta comemoração do dia de finados.

Mas não é um dia para pensar somente nos seres que chegaram à meta. Seria um ótimo momento para pensar na nossa própria vida. Agradecer a Deus o dom da vida, que é um verdadeiro presente. Mas, seria um verdadeiro erro colocar o nosso coração nas coisas que passam e que não levaremos deste mundo. Por isso, o recordo do nossos difuntos nos faz refletir sobre a nossa própria vida, como a estamos conduzindo, como a estamos vivendo.

Toda esta felicidade que agora buscamos, aprendamos a converti-la em duradeira para sempre.

Coloquemos, neste dia, os nossos olhos no Céu. Pensemos no Céu, onde nosso Pai amoroso nos espera de braços abertos para a felicidade eterna. Preparemos este grande momento nesta vida, aproveitando acumulando os verdadeiros bens, aqueles sobrenaturais.

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