por Celso Julio da Silva, LC


È maravilhoso reconhecer o fato de que Deus tenha escolhido o papa Francisco neste momento atual do peregrinar da barca de Pedro pelos mares deste mundo. Como se Deus quisesse mostrar a sua face ao homem de hoje, o seu rosto humano e divino, presenteou-nos o papa Francisco, um instrumento que com a sua presença e sua palavra está nos convidando constantemente a descobrir qual è o verdadeiro rosto de Deus feito carne, qual è o verdadeiro rosto da Igreja, o rosto de cada cristão, e, resumindo em duas palavras, esse è o nosso rosto: serviço e humildade.

Na recente carta publicada e dirigida aos futuros cardeais, uma carta simples, porém carregada de compromisso e confiança, percebemos a insistência do Espírito Santo para que todos os graus da jerarquia do corpo místico de Cristo vivam o seu estado de vida como um dom humilde e prestativo a obra de Cristo e a salvação das almas.

Cristão que não serve não è cristão, è um pagão. São palavras do pontífice que nos propõem um profundo exame de consciência continuo. Nós não somos mais do que ninguém, somos todos filhos do mesmo Deus, a nossa Fe è uma só, por isso, ninguém dentro da Igreja, seja laico, seja sacerdote, religioso, bispo, cardeal, ninguém deve se sentir superior, embora ocupe altos cargos na jerarquia eclesiástica.

Cristo, Cabeça da Igreja, humilhou-se, viveu com um coração de homem, com mãos, com pés de homem, Deus quis abraçar com um amor eterno as nossas limitações, quantas vezes abaixou a cabeça e guardou silêncio diante das injurias e dos maus tratos por parte dos homens. Se Deus se abaixa, por que tu, cristão, te levantas no teu próprio orgulho e no teu próprio egoísmo? Quando seremos autênticos cristãos? Quando fizermos um encontro pessoal com o Senhor manso e humilde de coração.

Por exemplo, a coisa mais linda da cura da sogra de Pedro, para ilustrar, não è o fato da cura, nem mesmo o fato de que fosse curada justamente a sogra de Pedro, não; lendo atentamente notamos que o trecho termina afirmando: “e ela se levantou (a sogra) e imediatamente começou a servi-los” (Lc 4, 39). A presença de um católico dentro da comunidade e da sociedade somente irradia força e dinamismo quando está imbuída dessa característica fundamental do rosto da Igreja, do rosto de Jesus Cristo: o serviço.

A segunda faceta do rosto da Igreja è a humildade. Ai que rosa difícil de achar no vasto jardim da humanidade! Cristão que não è humilde não è cristão. Se o serviço a Deus a aos homens nasce desta virtude exótica, então já podemos imaginar a grande necessidade de ser sempre humildes.

Quantas vezes por falta de humildade atualizamos na própria vida a construção da torre de Babel. Queremos saber mais do que os outros, queremos chegar a Deus com as nossas próprias forças e então vamos pondo pedra sobre pedra, orgulho sobre orgulho, vaidade sobre vaidade, pecado sobre pecado, vamos construindo a arquitetura da nossa própria miséria; como em Babel, nos distanciamos uns dos outros até o ponto de não conhecer mais a linguagem do próximo, as suas necessidades e as suas alegrias. Cristão que não vive a humildade está erguendo a torre de Babel e isso não è construir a Igreja de Jesus Cristo. Deus permitiu que Babel resultasse em sinônimo de confusão, divisão e dispersão (Gen 11, 9).

Jesus escutou da boca de um pagão romano: “Senhor, não sou digno de que entres na minha casa, dize uma só palavra e o meu servo ficará curado” (Mt 8, 8). E Jesus se maravilhou: “nunca vi tanta Fe em Israel” (Mt 8, 10). Fe que brota da humildade, de um coração que permite que o Senhor reúna os seus filhos no mesmo amor que sustenta essa bela virtude. Assim podemos estar certos de que a Igreja tem um rosto novo, um rosto ressuscitado, uma Igreja mais humilde.

Que o esforço do Santo Padre por construir cada vez mais uma Igreja humilde e no serviço desinteressado ao próximo seja um estímulo eficaz para todos os cristãos e homens de boa vontade.

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