Marcelo Fiães - maestro em Ciências do Matrimônio e Família pelo Istituto João Paulo II de Roma, é consultor familiar, orientador espiritual e desenvolve seu apostolado em Milão, Itália. Está casado, com dois filhos e consagrou seu matrimonio no Movimento Regnum Chirsti.




Um dia Jesus perguntou aos seus discípulos:  “No dizer do povo, quem é o filho do homem?” (Mt. 13). E os discípulos rapidamente enumeraram uma serie de opiniões. Os homens vendo Jesus não conseguem captar toda a sua grandeza. Em Jesus é presente uma realidade muito maior que aquilo que os olhos, os sentidos e até mesmo a razão humana podem captar. Pedro então respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt. 16). Então Jesus complementou: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus” (Mt.17). Sim só o Pai do Céu sabe conhecer Jesus e o revela a quem Ele quiser.

Uma coisa parecida acontece com a família. Temos uma experiência sensível da família todos os dias. Vivemos em uma família. Tocamos nossos pais, irmãos e irmãs. Experimentamos o amor e o carinho. Mas quando nos perguntam “o que é uma família?” a nossa explicação fica sempre limitada. Sim, porque na família existe um qualquer coisa transcendente, que vai além daquilo que podemos ver e experimentar, que supera os conceitos que na razão do homem podem entrar. Se quisermos evitar perder-nos nas mil e uma opiniões sobre a família, temos que perguntar a Deus, sim, ao Pai do Céu. Somente Ele pode nos fazer ver o invisível e entender pela fé aquilo que se esconde em qualquer modo aos nossos sentidos.

E para Deus, o que é uma família? A resposta esta na Bíblia, na vida dos santos e no modo que os cristãos vivem esse mistério. Não é possível em poucas palavras apresentar tudo aquilo que Deus fala sobre a família, mas podemos escutar juntos algumas. Escolhi aquela que eu gosto mais.

“Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, homem e mulher o criou.” (Gen. 1, 27).  O Pai do Céu criou o ser humano como família. Não criou o homem “só”, como um ser fechado em si mesmo, como um ser completo em si mesmo. Não, o ser humano não é um individuo isolado. Não, não é uma realidade monolítica. É feito em “copia”, em comunhão. Deus o fez “homem e mulher” e próprio por isso é imagem de Deus. Sim, próprio por isso. O que nos faz imagem de Deus é que somos imagem da Santíssima Trinidade onde as pessoas vivem em comunhão de amor. Como em Deus existem três pessoas em uma unidade perfeita, o homem para ser si mesmo precisa de outros, de outros que formem com ele uma unidade perfeita, ou seja, uma família.  Uma família é um ícone da Santíssima Trinidade. Por isso é santa. Deus não criou a pessoa humana como um “individuo” e basta.

A grande dificuldade de pensar corretamente a família está na dificuldade moderna de pensar o ser humano como comunhão. Ninguém é completo se vive sozinho. A solidão, de fato, é o verdadeiro inferno da pessoa humana, que busca de todos modos estar-em-comunhão com outras pessoas. A maior dor não é o sofrimento, mas sofrer sozinho; e a maior tristeza não é a morte, mas a solidão depois da morte. Não podemos nos esquecer de que a humanidade toda é uma família, que temos todos Adão e Eva como pais e que Jesus nos recordou que somos todos irmãos.  Todos, sem excluir nenhum. Basta ser pessoa humana para ser meu irmão de verdade. E essa grande família renasce sempre nas pequenas famílias, mas sempre estamos falando da mesma coisa: família.


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