Curso online: "Teologia dos sacramentos" (Link ao curso completo)


MÓDULO 1: Sacramentos em geral.

       - Tema 2: Os sacramentos do Antigo Testamento (ver o vídeo)


No artigo anterior vimos como a criação é um livro aberto que nos manifesta a Deus. Porém, o pecado nublou a nossa vista e por isso fazemos tanta fadiga para reconhecer o nosso Criador em tantas das suas obras.

Mas Deus jamais nos abandonou. No momento mesmo do pecado original começou a iniciativa de Deus para redimir-nos. Foi assim como Ele foi se manifestando e conduzindo-nos à comunhão com Ele e ao perdão.

O mesmo adão sente no seu coração o desejo dessa reconciliação, dessa comunhão com o seu Senhor.

A nossa natureza nos leva a manifestar o desejo de comunhão simbolicamente, por meio de algo material que significa algo mais. Algo assim como um presente. É uma coisa material, grande ou pequena, mas que simboliza o quanto queremos uma pessoal, quanto ela é importante para nós.

Caim e Abel ofereceram ao Senhor as primícias do seu campo e do seu rebanho. Diz o Gênesis que uma foi aceita a Deus e a outra não. Deus não precisa de coisas, Ele possui tudo. O que está no fundo é o oferecimento, o que significa. Por isso, uma foi dada de coração e a outra não.

Podemos dizer que em certo sentido, e muito amplamente, isto é um sacramento. Um símbolo de algo mais profundo e transcendente, que me conduz a obter a comunhão e o perdão.

Estamos tratando ainda a palavra sacramento em sentido muito geral e amplio, não no sentido específico e concreto dos sete sacramentos que conhecemos.

Pouco a pouco, na antiguidade, esses atos de comunhão com Deus e perdão dos pecados, foram tomando forma de rituais. As antigas festas por motivos cósmicos (início da primavera, tempo de colheita, etc.) foram tomando um sentido religioso com um significado mais profundo: liberação, aliança, salvação.

Nas páginas do Antigo Testamento vemos como o povo de Israel usavam nas festas e nos ritos, coisas e objetos materiais com um valor simbólico. Água, óleo, fogo, cinzas, pão, animais, etc. Utilizavam gestos simbólicos como a imposição das mãos, unção, aspersões, etc. Por fim, faziam uso de fórmulas religiosas, orações, bênçãos, etc.

Entre os mais importantes estão o memorial, como a festa da Páscoa, no qual não se trata só de uma lembrança do evento da liberação do Egito, mas de um “perenizar” a ação salvadora de Deus. Celebrando a Páscoa continua-se recebendo os efeitos da liberação, da salvação. 

Os sacrifícios oferecidos tinham a função particular de ser meio para sigilar uma aliança com Deus e os homens. Não como forma mágica, que se realizava o rito e então vinha automaticamente o efeito. Por meio do sacrifício o fiel oferecia a Deus algo para implorar a reconciliação e a ajuda.

Os cultos eram realizados para estar na presença de Deus. Este é outro símbolo externo, um rito, que trazia um fruto ou efeito sobrenatural, espiritual, transcendente. O mesmo templo, lugar da presença de Deus, era outro símbolo. Mas Deus é infinito, omnipresente, não pode conter-se num recinto físico e limitado. É uma mostra, um ponto de referencia. Certamente Deus está em todas as partes, mas de modo especial fazia-se presente ali. 

Com tudo isso, queremos mostrar como desde o Antigo Testamente existem estas manifestações, esses meios visíveis e materiais que são pontos de referencia para um efeito superior. São símbolos. São “sacramentos” em forma geral do termo.

Por meio destes “sacramentos” Deus concedia aos homens e mulheres da antiguidade os frutos de comunhão e de remissão dos seus pecados. Ainda não será um fruto em modo pleno, eficaz ao cem por cento, porque isso só se obterá com a paixão, morte e ressurreição de Cristo.

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