Por Celso Júlio da Silva LC

Natal é uma festa cristã. As nossas ruas e as nossas casas estão esplendidamente enfeitadas e iluminadas. Compramos muitos presentes para dar e ansiamos também recebê-los. As crianças não veem a hora de o Papai Noel distribuir os presentes. Já está programada a ceia da noite do dia 24 e a expectativa é descansar e desfrutar em família estes últimos dias do ano. Esta é a mentalidade do mundo de hoje. Porém, Natal é só isto? Tanta festa e tantos presentes, mas quem é o festejado?

Natal é a festa de Jesus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Eu já poderia deixar por aqui a caneta e parar de escrever, pois o que podemos acrescentar ao fato misterioso de que o Verbo de Deus assume a nossa carne humana na simplicidade e na inocência de um bebê? A Palavra não precisa ser dita, a Palavra hoje chora e ri no colo de Maria.

A festa é de Jesus. Não é do Papai Noel, não é do consumismo, não é do descanso, das férias de fim de ano, da ceia do 24, não é dos intercâmbios de bons desejos... Quando não festejamos Jesus, o Natal se torna uma festa pagã e quem não festeja Jesus, pode estar seguro de que caminha nas trevas, por mais luzes coloridas que quiser acender neste período do ano. A Luz veio ao mundo e os seus não a acolheram.

Neste Natal quem não se ajoelhar e adorar o Mistério na doçura e fragilidade do Menino envolvido em faixas e deitado numa manjedoura, acabará adorando outros deuses, comportar-se-á como Herodes que decidiu ficar confortável no seu palácio, um egoísta que disse não ter espaço para dois reis, coração gordo, pesado e feio no qual não coube a simplicidade do Mistério de Deus feito carne. O Menino Jesus na noite fria de Belém, na pobreza e na humildade de uma criança, não tira nada de nós, o Mistério só pede ser acolhido e adorado.

Até Belém- que significa “casa do pão”- se dirigem os que têm fome de Redenção. Uns guiados por uma estrela, outros por um coro celeste. Os primeiros, sábios, oferecem ao Menino ouro porque é Rei e triunfará para sempre- “e o seu Reinado não terá fim”-, incenso porque é Deus- “chamar-se-á Filho do Altíssimo” e mirra porque é homem e passará pela dor e pelo sacrifício amargo da cruz- “este Menino será um sinal de contradição”. Os últimos são simples pastores que oferecem a Deus os seus joelhos e o seu coração humilde. Ambos representam toda a humanidade, ricos e pobres, sábios e ignorantes, sãos e enfermos, crianças e idosos. Todos vão à Belém para adorar o “Pão-Jesus” saído das entranhas de Maria, que depois será cozinhado durante trinta anos em Nazaré, e se entregará como alimento de salvação na cruz e permanecerá conosco na Eucaristia.

Lindas são as representações do presépio na arte bizantina. O Menino Jesus aparece deitado num pequeno caixão, sem muitos panos para protegê-lo do frio, e não aparece, como costumamos ver, num presépio cheio de palhas, quentinho e protetor. Os homens nascem para viver, Jesus nasce para morrer e nos salvar, dando-nos a esperança com a sua ressurreição. Por isso, representam o Menino Jesus num caixãozinho. Um mistério que só se compagina em Cristo feito carne da nossa carne, que desce até nós, aceitando passar por Belém e pelo Calvário, pela alegria e pela dor, pelo nascimento e pela morte. Nascido para nós, morto por nós, ressuscitado por nós.

Que neste Natal Deus encontre espaço no nosso coração e possamos adorar o Mistério e cantar com todo o coro do céu: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que ama o Senhor!”.


Um Feliz Natal para todos!

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