Por João Paulo Jager LC

1.No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. (Lucas 1, 26-27).

         No sexto mês da gravidez de Isabel, Deus envia seu Anjo mensageiro, Gabriel para anunciar que Maria era a escolhida por Deus para ser Mãe de seu Filho. Podemos imaginar como foi esta cena, muitos são os artistas que tentaram representar este momento tão particular da história.

         Talvez Maria se encontrasse neste momento em oração,  como tantos gostam de imaginar, ou fazendo algum trabalho, a comida, limpando a casa, costurando. Gosto também de imaginar Maria em oração, ali, talvez de joelhos, uma posição não comum no judaísmo, recitando os salmos de David, falando com Deus de maneira simples, como é característico D’Ela.

         Maria, neste seu momento de oração recebe a visita de um Anjo. A pequena serva de Nazareth, que servia a Deus na humildade da sua vida  ordinária recebe hoje uma graça extraordinária. Não qualquer pessoa recebe a visita tão grande como recebeu Maria.

         O Evangelho anuncia que Maria estava comprometida com José que era da descendência de David e neste primeiro momento diz que o nome da Virgem era Maria, já que começa dizendo que o Anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia a uma virgem.

         Sobre estas sete palavras sobre as que quero fazer alguma reflexão, pois tantas vezes invocamos Maria, rezamos tantas aves Maria e talvez não nos damos conta de que o nome da Virgem era Maria. Este fato sabemos pelo evangelho que nos diz. Um nome nunca é indiferente, um nome nunca é algo superficial. Sobretudo para o antigo Israel o nome significava uma missão.

         Quando dizemos que o nome da Virgem era Maria estamos dizendo que a escolhida por Deus para ser a mãe de seu filho se chamava Maria. Maria, nome tão doce na boca dos santos, nome que pronuncia Deus e os Anjos, nome que causa horror e medo aos demônios no inferno, que dá confiança e esperança aos homens que seguem na terra. E o nome da Virgem era Maria. 

2. Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.

        
Ave, Cheia de Graça, o Senhor é contigo. Na anterior reflexão meditamos na grandeza de alma de Maria e no seu nome, na visita do Anjo á uma Virgem de Nazareth. Esta segunda meditação é sobre a saudação do Anjo a esta humilde Virgem de nome Maria.

         Ave, Cheia de Graça. Sim, Ave e cheia de graça, porque Deus, que é a pura santidade não escolheria para ser sua mãe mais que uma alma toda santa, e por isso assim criou Maria, toda santa, toda pura, toda bela. Não há na Virgem mancha original, é sem mácula alguma.

         Ave, cheia de graça. Sim, cheia de graça porque assim pensou Deus para Maria e assim Maria pensava em agradar a Deus, sendo sempre a cheia de graça, sempre a humilde serva do Senhor, mas toda pura, toda bela, toda imaculada.

         O Senhor está contigo. Se Maria era a cheia de graça, Deus não podia mais que estar com Ela, que acompanhá-la, que estar verdadeiramente com Aquela que era a imaculada, a cheia de graça.

         O Senhor está contigo, porque Maria também estava sempre com o Senhor, a sua vida era uma contínua oferta para o Senhor, não fazia mais que isso, que oferecer-se, que dizer que amava ao Senhor, que rezar, que calar, que encontrar-se com Ele no seu íntimo, na sua alma, no seu coração.

         Ninguém mais puro, ninguém mais cheio de graça, ninguém mais humilde que Maria, que a escrava do Senhor, que a cheia de graça. Assim foi Maria, assim viveu Maria, assim atuou Maria, sempre na graça, sempre com Deus, sempre na sua união.

         Ela sabia bem que nada podia sem a graça de Deus, e por isso vivia a sua vida interior, a sua graça tão delicadamente. Maria é a cheia de graça, porque ninguém mais que Ela soube guardar a vida verdadeira, aquela que está em viver só com Deus, só para Deus, em fazer todas as coisas somente por Ele.

3. Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. (Lucas 1, 38)

         Imaginemos a cena. Deus envia seu Anjo para anunciar à uma virgem que Ela tinha sido a escolhida para ser a mãe de Deus, que deveria vir ao mundo para salvar o povo dos seus pecados.

        
Deus se humilha, espera do homem uma resposta. Maria é livre, pode dizer sim ou não ao querer de Deus, pode responder com generosidade ao seu convite ou simplesmente ignorar a sua voz. Ave, cheia de Graça, o Senhor é contigo, disse o Anjo como vimos na meditação anterior.

         Também o Anjo está nervoso, e pensa em como será esta visita, se Maria aceitará, se negará cumprir o querer de Deus… Olhemos agora o que passa no céu. Todos ali olham a terra, e contemplam a anunciação à Maria.

         Escutam atentamente cada palavra do Anjo, estão com os olhos fixos em cada gesto de Maria, tudo porque sabem como este episódio mudará a história da criação de Deus, que está agora deformada pelo pecado de Adão e de Eva.

         A Trindade escuta atentamente, olham a cena como se fosse a novela mais interessante da TV. Os Anjos todos escutam atentamente… Sabem que a resposta de Maria não é indiferente, mas que vale muito, que importa muito. E por isso aguardam assim.
        
Que alívio para todos os assistentes desta cena tão angustiante quando Maria, na sua humildade responde estas doces palavras, que hoje a Igreja toda reza no Ângelus todos os dias: “Eu sou a escrava do Senhor, faça-se em mim, segundo a tua palavra”.

         Todo o céu dependia deste sim de Maria. Não que Deus na sua infinita providência não pudesse remediar a situação com outro plano e desígnio de amor, mas Ele tinha escolhido e pensado em Maria, e desde toda a eternidade aguardava esta resposta da sua humilde serva. 



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